sábado, 29 de março de 2014

RECUPERANDO O EVANGELHO

O evangelho de Jesus Cristo é o maior de todos os tesouros dados à igreja e ao cristão como indivíduo. Não é uma mensagem entre muitas, mas a mensagem acima de todas as outras. É o poder de Deus para a salvação e a maior revelação da multiforme sabedoria de Deus aos homens e aos anjos. É por essa razão que o apóstolo Paulo deu primazia ao evangelho em sua pregação, esforçando-se com tudo que tinha para proclamá-lo com clareza, pronunciando até mesmo uma maldição sobre todos que pervertessem sua verdade.
Cada geração de cristãos, pelo poder do Espírito Santo, é responsável pela mensagem do evangelho. Deus nos chama a guardar este tesouro que nos foi confiado. Se quisermos ser fiéis mordomos, teremos de estar absorvidos no estudo do evangelho, tomando grande cuidado para compreender as suas verdades, comprometendo-nos a guardar o seu conteúdo. Ao fazê-lo, garantimos nossa salvação, bem como a salvação daqueles que nos ouvem.
Como sabemos comumente, a palavra Evangelho vem do vocábulo grego euangélion, que é traduzida como “boas novas”. Num sentido, toda página da Escritura contém o evangelho, mas em outro sentido, ele se refere a uma mensagem muito específica — a salvação realizada para um povo caído, por meio da vida, morte, ressurreição e ascensão de Jesus Cristo, o Filho de Deus. As igrejas atuais têm falhado em que pontos?
Um dos maiores crimes cometidos pela presente geração de cristãos é a negligência do evangelho, e é devido a essa negligência que nascem todos os nossos outros males. O mundo perdido não é tão endurecido quanto é ignorante do evangelho, porque muitos que proclamam sua mensagem também ignoram suas verdades mais básicas. Os temas essenciais que compõem o próprio cerne do evangelho — justiça de Deus, depravação total do homem, expiação pelo sangue, a natureza da verdadeira conversão, e a base bíblica para a segurança da salvação — estão demasiadamente ausentes dos púlpitos atuais. As igrejas reduzem a mensagem do evangelho a algumas declarações do credo, ensinam que a conversão é apenas uma decisão humana e pronunciam a segurança da salvação para qualquer um que tenha feito a “oração do pecador”.
O resultado desse reducionismo evangélico tem sido de longo alcance. Primeiro, endurece ainda mais o coração dos não convertidos. Poucos “convertidos” dos dias modernos entram na comunhão da igreja, e os que o fazem, muitas vezes, se desviam ou têm as vidas marcadas pela carnalidade habitual. Milhões sem conta andam por nossas ruas e se assentam, não transformados pelo verdadeiro evangelho de Jesus Cristo.
Editorial do boletim de Abril da Ig. Presbiteriana de Ipanguaçu-Rn- Pr. José Francisco.
Qual a importância do Evangelho? Qual a verdadeira mensagem que ele nos traz? Paul Washer nos leva a analisar mais de perto essas verdades através do seu novo livro “O Chamado ao Evangelho e a Verdadeira Conversão”, pela Editora Fiel. O editorial acima é parte de um trecho com exclusividade desse Livro.

A TERAPIA DA PALAVRA


O homem se alegra em dar resposta adequada, e a palavra, a seu tempo, quão boa é! (Pv 15.23).
Responder antes de ouvir é falta de sabedoria; só os tolos fazem isso. Por outro lado, dar uma resposta abalizada, consistente e adequada traz benefício a quem ouve e alegria a quem fala. Alguém já disse, e com razão, que não existe pergunta insensata, mas sim resposta inadequada. Aquele que é interrogado não pode cair na armadilha do interrogador. Quando alguém se aproximava de Jesus para testá-lo, fazendo-lhe uma pergunta de algibeira com o propósito velado de armar-lhe um laço para os pés, Jesus devolvia a pergunta, e o interlocutor caía na própria armadilha. Porém, sempre que alguém aflito ou desnorteado se aproximava dele, com inquietações na alma, fazendo-lhe perguntas ou rogando-lhe ajuda, Jesus levava a esse coração ferido uma palavra de esperança e uma ação de misericórdia. A palavra boa é remédio que cura. E bálsamo que consola. E alimento que fortalece. Precisamos ter respostas sábias para as grandes tensões da vida e usar a terapia da palavra para abençoar nossa casa, nossos amigos e aqueles que nos cercam. Precisamos ser a boca de Deus, embaixadores de boas-novas, arautos da verdade, mensageiros da paz, terapeutas da alma.

Gotas de Sabedoria para a Alma – LPC Publicações – Digitado por: Rev. Zé Francisco.

A ARTE DE TRABALHAR EM EQUIPE


"Francisco trabalhava em uma empresa que estava passando por mudanças e, por isso mesmo, precisava da colaboração de todos os seus funcionários.
Um dia, o executivo principal decidiu que seria necessário um treinamento, sendo que todos deveriam participar de um curso de sobrevivência, que tinha a forma de uma longa corrida de obstáculos. A prova era cruzar um rio violento e impetuoso.
No dia do treinamento, os funcionários foram divididos em três grupos para a superação daquele obstáculo.
Os grupos eram: A, B e C. O grupo A recebeu quatro tambores de óleos vazios, duas grandes toras de madeira, uma pilha de tábuas, um grande rolo de corda grossa e dois remos. O grupo B recebeu dois tambores, uma tora e um rolo de barbante. Já o grupo C não recebeu recurso nenhum para cruzar o rio; eles foram solicitados a usarem os recursos fornecidos pela natureza, caso conseguissem encontrar algum perto do rio ou na floresta próxima. Não foi dada nenhuma instrução a mais. Simplesmente foi dito aos participantes que todos deveriam atravessar o rio dentro de quatro horas.
Francisco teve a "sorte" de estar no grupo A, que não levou mais do que meia hora para construir uma maravilhosa jangada. Um quarto de hora mais tarde, todo o grupo estava em segurança e com os pés enxutos no outro lado do rio, observando os outros grupos em sua luta desesperada.
O Grupo B, ao contrário, levou quase duas horas para atravessar o rio. Havia muito tempo que Francisco e sua equipe não riam tanto como no momento em que a tora e os dois tambores viraram com os gerentes financeiro e de produção.
Mas o melhor ainda estava por vir.
Nem mesmo o rugido das águas do rio era suficiente para sufocar o riso quando o grupo C tentou lutar contra as águas espumantes. Os coitados agarraram-se a um emaranhado de galhos, que estavam se movendo rapidamente com a correnteza. O auge da diversão foi quando o grupo bateu em um rochedo, quebrando os galhos. Somente reunindo todas as forças que lhes restavam foi que o último membro do grupo C, o chefe de logística, todo arranhado e com os óculos quebrados, conseguiu atingir a margem 200 metros rio abaixo.
Quando o líder do curso voltou, depois de quatro horas, perguntou:
-                "Então, como se saíram?"
E todo o grupo A respondeu:
-                "Nós vencemos!"
O líder do curso respondeu:
-                "Vocês devem ter entendido mal. Vocês não foram solicitados a vencer os outros. A tarefa seria concluída quando os três grupos atravessassem o rio dentro de quatro horas. Ao que me parece, todos vocês perderam, pois ninguém pensou em se ajudar mutuamente, nem sonhou em dividir os recursos (tambores, toras, corda e remos) para atingirem uma meta comum. Não ocorreu a nenhum dos grupos coordenar os esforços e ajudar os outros."
E o líder do curso continuou:
-                "Espero que todo o grupo aprenda muito bem esta lição. Vocês caíram direto numa armadilha e não pensaram no todo, somente em seus grupos, que poderíamos comparar aos departamentos de uma empresa. Espero que, a partir deste dia, o grupo tenha aprendido muito a respeito de trabalho em equipe e de lealdade em relação aos outros. Estamos todos no mesmo barco!
Experimentem acolher ao invés de julgar, perdoar ao invés de acusar e compreender ao invés de revidar! É difícil, sem dúvida! Mas é possível e muito gratificante. A vida fica mais leve, o caminho fica
mais fácil e a recompensa, muito mais valiosa. E lembrem-se sempre: A equipe faz a força.
Esse conto nos traz à tona um comportamento que parece estar se transformando em hábito: a busca exacerbada pela individualidade, prezando mais pelo próprio "eu" em detrimento do grupo.
De certa forma, reflete uma volta à Lei do Gerson, de querer levar vantagem em tudo. Parece que tem havido uma procura somente pela satisfação pessoal, esquecendo-se do restante do grupo. Isso significa pessoas e empresas agindo de uma forma e discursando de outra. O homem é um ser social, que depende dos outros para viver e que é influenciado pelo seu contexto e esfera de convivência (pessoas, ambiente de trabalho, qualidade de vida).
Vale a pena considerar sobre esse comportamento.
Afinal, vitórias, quando comemoradas em coletividade, sempre são mais saborosas."

(Autor não mencionado)

quinta-feira, 27 de março de 2014

O VALOR INESTIMÁVEL DE UM BOM CONSELHEIRO


Onde não há conselho fracassam os projetos, mas com os muitos conselheiros há bom êxito (Pv 15.22).
Todos nós conhecemos os efeitos devastadores de um mau conselho. Amnom, o filho de Davi, violentou sua irmã Tamar e foi assassinado por seu irmão Absalão porque seguiu à risca o perverso conselho do seu primo Jonadabe. O rei Roboão viu seu reino dividir-se porque seguiu o conselho insensato dos jovens de sua nação. Caim matou seu irmão Abel porque se recusou a obedecer ao conselho de Deus. Um conselho sábio vale mais do que muitos tesouros. Onde não há conselho fracassam os projetos. Por outro lado, com os muitos conselheiros há grande possibilidade de sucesso. Na multidão dos conselhos há sabedoria. Nem sempre conseguimos enxergar com clareza todos os ângulos da vida. Nem sempre conseguimos discernir todos os detalhes. O conselheiro é aquele que lança luz em nossa escuridão, que mostra uma saída onde só víamos muralhas, que nos faz perceber que uma crise na caminhada da vida pode ser transformada numa grande oportunidade. Nós precisamos uns dos outros. Não somos autossuficientes. Precisamos cercar-nos de bons conselheiros, de gente madura na fé, que tem caráter provado e coração generoso. Você tem amigos com quem compartilha sua vida? Eles são conselheiros que lhe apontam o caminho da vida?
Gotas de Sabedoria para a Alma – LPC Publicações – Digitado por: Rev. Zé Francisco.

O caixão de Angélica

A aposentada, Angélica Soares de Brito, 71 anos, guarda em casa um caixão no 
qual quer ser enterrada. Ela mora em Campina Grande, Paraíba. A ideia surgiu alguns anos atrás, quando Angélica adoeceu gravemente. Vivendo em estado de pobreza, começou a refletir sobre o enterro e teve medo de não ter um sepultamento digno. Economizando na comida, Angélica conseguiu realizar seu sonho e desembolsou 350 reais. O caixão está guardado em sua casa. Sua proprietária orgulha-se dele; diz que tem um travesseiro confortável, para não sentir dor de pescoço.
A morte apenas torna definitivo aquilo que somos em vida. Nesse sentido, a eternidade é a continuação, em termos radicais e definitivos, daquilo que somos agora.
Nessa perspectiva, a morte não é importante. Importante é a vida. O julgamento de Deus não levará em conta nenhum ato isolado. Deus nos julgará segundo nosso projeto de vida. Além disso, ele nos julgará com misericórdia. Aquele em quem Deus encontrar traços de Jesus, este será salvo.
Para a pessoa de fé, o que parece morte se torna mais vida, vai para a "Casa do Pai". Daí a expressão tão bela, conhecida desde o início do cristianismo:
"Adormecer em Cristo". E São Paulo nos diz: "Se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também os que morrem em Jesus, Deus há de levá-los em sua companhia" (cf. 1Tessalonicenses 4,14).


Você acredita na afirmativa: “A morte apenas torna definitivo aquilo que já somos"?
Como você está preparando a morada eterna, com barro, madeira ou ouro?

quarta-feira, 26 de março de 2014

NEM TODA ALEGRIA DEVE SER CELEBRADA

A estultícia é alegria para o que carece de entendimento, mas o homem sábio anda retamente (Pv 15.21).

Os tolos folgam e se refestelam ao redor de uma mesa, contando piadas picantes e jogando conversa fora. Encontram graça nas desgraças da vida e dão gargalhada daquilo que deveria levá-los às lágrimas. A alegria dos insensatos está grávida da estultícia e, quando dá à luz, nasce o filho bastardo da vergonha. Nenhum proveito há na alegria daqueles que carecem de entendimento. Estes riem quando deveriam chorar, celebram quando deveriam gemer, cantam quando deveriam cobrir-se de pano de saco e cinza. O ignorante não é apenas aquele que não sabe, mas sobretudo aquele que rejeita o conhecimento e que, mesmo tendo a oportunidade de subir os degraus do saber, desce ao fundo do poço da cegueira intelectual e moral. A vida do justo é o oposto disso. Ele anda na luz e busca o conhecimento. Procura a sabedoria e empenha-se por alcançá-la. O homem sábio não tem apenas conhecimento, mas aplica o conhecimento que recebe no seu viver diário. Ele anda retamente. Sua doutrina governa sua ética, seu conhecimento molda seu caráter, sua sabedoria revela seus valores. A alegria dos tolos não merece ser celebrada, mas a vida do sábio que anda retamente deve ser proclamada como exemplo digno de ser imitado.

Gotas de Sabedoria para a Alma – LPC Publicações – Digitado por: Rev. Zé Francisco.

BATALHA ESPIRITUAL

Quatro Princípios Bíblicos para se Entender a Batalha Espiritual

(Esse material encontra-se em fase de revisão e aparecerá em sua forma final como um dos capítulos do livro "Neopentecostalismo" da Comissão Permanente de Doutrina da Igreja Presbiteriana do Brasil)

Introdução
As igrejas históricas do mundo todo têm sido desafiadas nestas últimas três décadas a dar respostas às ênfases de um movimento dentro das suas fileiras que ficou conhecido como "movimento de ‘batalha espiritual’". O nome em si já sugere do que se trata: é um movimento cuja ênfase maior é na luta da Igreja de Cristo contra Satanás e seus demônios, conflito este de natureza espiritual, quanto aos métodos, armas, estratégias e objetivos.
Esse crescente interesse em círculos evangélicos por Satanás, demônios, espíritos malignos, e o misterioso mundo dos anjos, corresponde ao surto de misticismo atual, um interesse crescente no mundo nos dias de hoje pelos anjos maus e bons, e pelo oculto. Mas não somente no mundo, dentro da própria igreja cristã assistimos o crescimento vertiginoso da busca pelo miraculoso e sobrenatural, na esteira do neopentecostalismo. Por neopentecostalismo quero dizer aqueles movimentos surgidos em décadas recentes, que são desdobramentos do pentecostalismo clássico do início do século, mas que abandonaram algumas de suas ênfases características e adquiriram marcas próprias, como ênfase em revelações diretas, curas, batalha espiritual, e particularmente uma maneira de encarar a realidade espiritual.
Esse movimento é caracterizado por uma leitura das Escrituras e da realidade sempre em termos da ação sobrenatural de Deus. Deus é percebido somente em termos de sua ação extraordinária. Assim, para o neopentecostal típico, Deus o guia na vida diária através de impulsos, sonhos, visões, palavras proféticas, e dá soluções aos seus problemas sempre de forma miraculosa, como libertações, livramentos, exorcismos e curas. A doutrina que caracteriza, mais que qualquer outra, as igrejas evangélicas no Brasil hoje, é a crença em milagres. É claro que não estou dizendo que crer em milagres seja errado. O que estou dizendo é que, na hora em que a crença em milagres contemporâneos e diários passa a ser a característica maior da igreja
evangélica, algo está errado.
A hermenêutica sobrenaturalista do neopentecostalismo representa um desafio para a uma das doutrinas típicas da tradição reformada, que é a providência de Deus. Partindo das Escrituras, os reformados usam o termo providência para se referir à ação de Deus, pelo seu Espírito, agindo no mundo através de pessoas e circunstâncias da vida para atingir seus propósitos. Esses meios não são intervenções miraculosas ou extraordinárias de Deus na vida humana, mas simplesmente meios naturais secundários. Os calvinistas reconhecem que Deus intervém miraculosamente neste mundo, mas sempre em regime de exceção. Normalmente, ele age através dos meios naturais.
O neopentecostalismo, por enfatizar a ação sobrenatural e miraculosa de Deus no mundo (a qual não negamos, diga-se), acaba por negligenciar a importância da operação do Espírito Santo através de meios secundários e naturais. Essa negligência torna-se mais séria quando nos conscientizamos que o Espírito normalmente trabalha através de meios secundários e naturais para salvar os pecadores. Acredito não ser difícil de provar que a esmagadora maioria dos cristãos foram salvos através de meios naturais – como o testemunho de alguém, a leitura da Bíblia, a pregação da Palavra – e não através de intervenções miraculosas e extraordinárias, como foi a conversão de Paulo.
Como resultado do sobrenaturalismo neopentecostal, as igrejas reformadas por ele afetadas tendem a considerar os meios naturais como sendo espiritualmente inferiores. Um bom exemplo é a tendência de considerar o tomar remédios como falta de fé por parte do crente adoentado. Um outro resultado é a diminuição da pregação do Evangelho como meio de salvação dos pecadores, e a ênfase na realização de como meio evangelístico. Assim, a obra do Espírito na Igreja e no mundo através dos meios naturais secundários é negligenciada, com graves e perniciosos efeitos nas vidas dos que abraçam a cosmovisão neopentecostal.
As consequências desta maneira de ver a realidade espiritual são sérias para a área do conflito da igreja contra as hostes das trevas, pois a concebe apenas em termos do sobrenatural, negligenciando o ensino bíblico de que Satanás procura atingir a Igreja de Cristo através da carne e do mundo – meios que não são necessariamente sobrenaturais.
Conquanto devamos dar as boas vindas a todo e qualquer movimento na Igreja que venha nos ajudar a melhor nos preparar para enfrentar os ataques das hostes malignas contra a Igreja, este movimento polêmico tem trazido algumas preocupações sérias a pastores, estudiosos e líderes evangélicos no mundo todo, não somente das igrejas evangélicas históricas, como até mesmo de igrejas pentecostais clássicas.(1) Mesmo organizações internacionais, como o Comitê de Lausanne para Evangelização Mundial, têm expressado suas
preocupações com os ensinos deste movimento, numa declaração do seu Grupo de Trabalho feita em 1993, em Londres.(2) 
Existem várias razões para essa preocupação. Uma delas é que o movimento, onde tem ganhado a adesão de pastores e comunidades, tem produzido um tipo de cristianismo em que a atividade satânica se tornou o centro e mesmo a razão de ser da existência destes ministérios e igrejas. Nestes casos, embora geralmente as doutrinas fundamentais da fé cristã não tenham sido negadas (há exceções), elas são, via de regra, relegadas a plano secundário, desaparecendo do ensino e da liturgia. O que resulta é um cristianismo distorcido, deformado, onde doutrinas como a salvação pela fé somente, mediante o sacrifício redentor, único e expiatório de Cristo. A doutrina da pessoa de Cristo, sua mediação e ofícios, e doutrinas como a da
queda, da depravação do homem, da santificação progressiva mediante os meios de graça, são negligenciadas. Não é que estas igrejas e os proponentes do movimento neguem necessariamente estes pontos; mas certamente não lhes dão a ênfase necessária e devidas, que recebem nas próprias Escrituras.
O fato é que o movimento de "batalha espiritual" tem produzido o surgimento de novas igrejas (e mesmo denominações) cujo ministério principal é a expulsão de demônios e a "libertação" de crentes e descrentes da opressão demoníaca a todos os níveis (espiritual, moral e física, bem como geográfica, estrutural e social). Mas não somente isto — as idéias e práticas difundidas pelo movimento tem se infiltrado nas igrejas históricas, cativando muitos dos seus pastores, oficiais e membros.
O objetivo desse capítulo é apresentar alguns princípios bíblicos pelos quais os evangélicos em geral, e presbiterianos em particular, poderão orientar sua compreensão acerca de tema tão atual e polêmico.(3).

A Necessidade de Base Bíblica

A melhor maneira de abordarmos assuntos polêmicos é colocá-los dentro de seus contextos maiores. Se tivermos a visão do todo, poderemos com mais exatidão entender suas partes. Por exemplo, uma pessoa que tenta achar um endereço numa cidade simplesmente procurando as placas com o nome das ruas pode acabar desorientada e perdida. Se ela porém tiver um mapa, que lhe dá uma visão mais ampla da área onde ela se encontra, e mostra as ligações entre as ruas, poderá mais facilmente encontrar seu destino. Da mesma forma, quando colocamos o tema do confronto da Igreja com as hostes das trevas dentro de um contexto maior, e percebemos as ligações com outras áreas teológicas, podemos melhor entendê-lo.
Em termos do conhecimento teológico global, o assunto não pertence a uma área somente. Quando falamos da polêmica entre salvação pela fé e/ou pelas obras, facilmente identificamos que o assunto pertence à área de soteriologia, ou seja, o estudo da salvação, uma área da enciclopédia teológica. Se tivermos uma boa compreensão dos princípios e fundamentos que orientam a soteriologia, poderemos mais facilmente entender tudo o que está envolvido nessa polêmica. Mas a luta entre a Igreja e Satanás não se enquadra em uma área somente, muito embora a demonologia bíblica, que por sua vez é um departamento da angelologia, (o estudo dos anjos bons e maus) certamente seja a principal área afim. O fato é que os ensinos e práticas da
"batalha espiritual" levantam questões sérias relacionadas com diversas áreas do nosso conhecimento de Deus.
Quando, por exemplo, alguns dos defensores do movimento falam de Satanás como se fosse um poder independente, autônomo e livre para fazer o mal neste mundo, está indiretamente entrando na área que trata dos decretos de Deus e da sua maneira de governar o mundo. Ainda, quando alguns revelam possuir informações extra bíblicas sobre o mundo invisível dos anjos e demônios – como por exemplo, o nome de determinados demônios e os locais geográficos onde supostamente habitam – está entrando na epistemologia, ou teoria do conhecimento. Essa área trata do modo pelo qual conhecemos as coisas ao nosso redor, inclusive o acesso humano ao conhecimento do mundo espiritual invisível, onde habitam e atuam os seres espirituais como anjos e demônios. Semelhantemente, quando todo tipo de mal que existe no mundo, quer moral ou circunstancial (como doença, dor, desemprego, etc.) é atribuído aos demônios, levanta-se a antiga discussão acerca da origem dos males e sofrimentos neste mundo presente. E quando é dito que os cristãos podem ser possuídos por um espírito maligno (ou ficar demonizados, para usar um termo mais em voga), estamos de volta à soteriologia – ou seja, qual a situação dos salvos diante dos ataques de demônios – e entramos também na cristologia, indagando qual a relação entre a obra vitoriosa e consumada de Cristo e a atividade satânica no presente.
Quando procuramos entender os conceitos da "batalha espiritual" a partir de princípios gerais que controlam as diversas áreas abrangidas pelo tema, poderemos ter alguns trilhos sobre os quais poderemos conduzir o assunto. No que se segue, procuro analisar quatro desses princípios que têm importância fundamental para ele: a soberania de Deus, a suficiência as Escrituras, a queda da raça humana e a suficiência da obra de Cristo. Acredito que se forem compreendidos adequadamente pelos leitores, funcionarão como balizadores seguros pelos quais poderão prosseguir com maior certeza no conflito diário que enfrentamos contra as hostes espirituais da maldade.


Notas
1 Por exemplo, veja-se o livro de Paulo Romeiro, da Assembléia de Deus, Evangélicos em Crise: Decadência Doutrinária na Igreja Brasileira (São Paulo: Mundo Cristão, 1995), onde ele faz severas críticas ao movimento.
2 Veja extratos desta declaração em Mike Wakely, "A critical look at a new ‘key’ to evangelization", em Evangelical Missions Quarterly, (Abril, 1995) 156-57.
3 Boa parte do material aqui apresentado apareceu na minha obra, O que Você Precisa Saber sobre Batalha Espiritual (São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1997), e é reproduzido aqui com permissão.

Retirado do Ebook: BATALHA ESPIRITUAL - Augustus Nicodemus Lopes

terça-feira, 25 de março de 2014

ATRAÇÃO FATAL!


“E já está próximo o fim de todas as coisas;
portanto, sede sóbrios e vigiai em oração” 
1Pe 4.7

Pedro nos exorta a sermos sóbrios e vigilantes. Ser sóbrio implica em velar e aplicar os princípios e mandamentos de Deus em nossa vida diária. Quando pensei no tema da nossa meditação, subiu-me à mente a luta que o crente enfrenta todos os dias. Não somente a batalha contra Satanás e os demônios, mas também contra o mundo e, sobretudo, contra a nossa carne ou natureza terrena.
Ser sóbrio significa fazer morrer essa natureza e não ordenar os caminhos pelos nossos sentimentos e emoções. Quando somos dominados por sentimentos inerentes a nós mesmos, perdemos a capacidade de discernir a verdade e caminhamos pelo erro. Ser dominado pelas emoções é render-se a uma atração que constantemente nos assedia.
Paulo constatou isso e se queixou em Romanos 7. 18a “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem.” O que ele queria dizer? Ele constatou que a natureza do coração humano é enganosa e traiçoeira. Nossos sentimentos e emoções são enganosos. Não se fie neles e nem ande por eles. Ser sóbrio é discernir essa atração fatal.


O CULTO VERDADEIRO


Gosto muito daquele caso que um ministro americano, o já falecido Dr.  Rufus M. Jones, costumava contar. Ele acreditava na importância do intelecto  na pregação. Porém um membro de sua congregação fez objeção a essa ênfase  e escreveu-lhe queixando-se:
“Quando vou à igreja”, disse em sua crítica,  “sinto-me como se tivesse desenrolando a minha cabeça e a colocando por  sob o assento , pois numa reunião religiosa não tenho necessidade alguma de  usar o que se acha acima do meu colarinho!
“Prestar culto dessa forma, sem fazer uso da mente, certamente é o que  se fazia na cidade pagã de Atenas, onde Paulo encontrou um altar dedicado  “ao deus desconhecido”. Mas essa forma de culto não serve para os cristãos.  O apóstolo não se sentira satisfeito em deixar os atenienses em sua  ignorância. Prosseguiu proclamando-lhes a natureza e as obras do Deus que  cultuavam na ignorância. Pois sabia que somente o culto inteligente é  aceitável por Deus, o culto verdadeiro, o culto prestado por aqueles que  conhecem a quem adoram, e que o amam “de todo o entendimento”.
Os salmos eram o grande hinário da igreja do Velho Testamento, e hoje  em dia ainda são cantados nos cultos cristãos. Neles temos, pois, um meio de  sabermos como deve ser o culto verdadeiro. A definição básica de culto nos  Salmos é “louvar o nome do Senhor”, ou “tributar ao Senhor a glória devida  ao eu nome”. E ao inquirirmos o que significa o seu “nome”, verificaremos  que é a soma total de tudo o que ele é e fez.
Em particular, ele é cultuado nos  Salmos tanto como o Criador do mundo como o Redentor de Israel, e os  salmistas se comprazem em adorá-lo dando uma lista enorme das obras de  Deus, relativas à criação e à redenção.
O Salmo 104, por exemplo, expressa a incontável maravilha da sabedoria e Deus em suas múltiplas obras no céu e na terra, na vida animal e  vegetal, entre as aves, os mamíferos e os “seres sem conta” existentes em  abundância nos mares e grandes oceanos.
O Salmo 105, por outro lado, exalta um outro aspecto das “obras maravilhosas” de Deus, a saber, o tratamento especial que dedicou ao povo da  sua aliança. Narra a história dos séculos, as promessas e Deus a Abraão,  Isaque e Jacó; sua providência para com José do Egito, tirando-o da prisão  para a honrosa posição de grande senhor; seus atos poderosos feitos através de  Moisés e Arão, enviando as pragas e libertando o povo; sua provisão àquela  gente no deserto e o seu poder que fez com que herdassem a terra prometida.  O Salmo 106 repete em grande parte a mesma história, mas enfoca desta vez a  paciência de Deus com o seu povo, que vivia se esquecendo de suas obras,  desobedecendo suas promessas e se rebelando contra seus mandamentos.
O Salmo 107 louva a Deus pelo seu permanente amor, que vem de encontro às necessidades de diferentes grupos de pessoas: de viajantes perdidos no deserto, de prisioneiros desfalecendo em calabouços, de enfermos  à beira da morte, de navegantes apanhados numa grande tempestade. Todos  estes “na sua angústia clamaram ao Senhor e Ele os livrou das suas  tribulações”. Assim, “rendam graças ao Senhor por sua bondade e por suas  maravilhas para com os filhos dos homens!
“Meu último exemplo é o Salmo 136. Aqui o mesmo refrão litúrgico se  repete em cada versículo: “porque a sua misericórdia dura para sempre”. E as  chamadas para render graças ao Senhor por Sua bondade começam com a Sua  criação dos céus, da terra, do sol, da lua e das estrelas, prosseguindo daí com  a Sua redenção de Israel do Egito, e com os reis amorreus, a fim de dar-lhes  Sua terra em herança.
Bastam estes exemplos para mostrar que Israel não cultuava a Deus na  forma de uma divindade distante ou abstrata, mas como o Senhor da natureza  e das nações, como alguém que se revelara através de atos concretos , criando  e mantendo o seu mundo, redimindo e preservando  o seu povo. Israel tinha  bons motivos para adorá-lo pela sua bondade, por suas obras e por “todos os  seus benefícios”.
A estes poderosos feitos de Deus (o Deus criador e o Deus da aliança),  os cristãos acrescentam o ato de Deus mais poderoso do que todos os demais:  o nascimento, a vida, a morte e a glorificação de Jesus; o seu Dom do Espírito  Santo; e a sua nova criação, a Igreja.
Esta é a história do Novo Testamento, e  é por isso que tanto os textos do Velho como do Novo Testamento, juntos,  com uma exposição bíblica, constituem hoje uma parte indispensável do culto  cristão.
Somente quando de novo ouvimos sobre o que Deus já fez encontramo-nos em condições de retribuir-lhe com a nossa adoração e o nosso culto. É  também por este motivo que a leitura e a meditação da Bíblia são uma parte  muito importante na devoção pessoal do cristão.
Todo culto cristão, seja ele  público ou pessoal, deve ser uma resposta inteligente à auto-revelação de  Deus, por suas palavras, e suas obras registradas nas Escrituras.
É neste contexto que, de passagem, se pode fazer uma referência ao  “falar em outras línguas”. Qualquer que tenha sido a glossolalia no Novo  Testamento - se um Dom de línguas estanhas ou a expressão de sons em  êxtase - o certo é que as palavras eram ininteligíveis a quem as proferia. Por  isso mesmo foi que Paulo proibiu falar em línguas em público, se não  houvesse quem traduzisse ou interpretasse; e desencorajou a sua realização ou  devoção pessoal, se a pessoa permanecesse sem entender o que dizia.  Escreveu ele: “Pelo que, o que fala em outra língua, ore para que a possa  interpretar. Porque, se eu orar em outra língua, o meu espírito ora de fato, mas  a minha mente fica infrutífera. Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas  também orarei com a mente...
“Noutras palavras, Paulo não podia admitir nenhuma oração, nenhum  culto, em que a mente permanecesse estéril ou inativa. Ele insistiu que em  todo culto verdadeiro a mente tem de ser completamente empenhada, de  modo a dar frutos. O prazer dos coríntios para com o culto ininteligível era  algo infantil. Quanto ao mal, disse-lhes para serem como crianças e inocentes  o quanto fosse possível, mas acrescentou: “no modo de pensar, sejam  adultos”.
O culto cristão não será perfeito senão no céu, pois até então conheceremos a Deus como Ele é, e daí somente então teremos condições de adorá-lo de maneira própria.

Retirado: Crer é também pensar - John R. W. Stott

Os FILHOS SÃO A ALEGRIA DOS PAIS


O filho sábio alegra a seu pai, mas o homem insensato despreza a sua mãe (Pv 15.20).
O lar é o palco das grandes alegrias ou tristezas da vida. E nessa arena que travamos nossas maiores batalhas. É nesse campo que fazemos nossas mais importantes semeaduras e nossas mais abundantes colheitas. Os filhos são a lavoura dos pais. Há filhos que produzem bons frutos e são a alegria dos pais. Há filhos, porém, que crescem e, depois efe homens feitos, desprezam os pais, abandonando-os à sua desdita. Assim, convertem-se em tristeza para a família. Um filho sábio alegra a seu pai, pois reflete na vida os valores aprendidos no lar. Um filho sábio honra a seu pai, pois transmite para as gerações pósteras o legado que recebeu dos antepassados. Um filho sábio é fonte de alegria para seu pai, porque seu caráter impoluto, sua vida irrepreensível e seu testemunho ilibado são a melhor recompensa de seu investimento. No entanto, é extremamente doloroso um filho chegar à idade adulta e, quando sua mãe já está velha, cansada e sem forças para o trabalho, desprezá-la, desampará-la e deixá-la sem sustento digno, sem proteção e sem apoio emocional. Não há desumanidade mais gritante do que desprezar pai e mãe. Não há agressão mais violenta do que colocar os pais, já idosos, no escanteio da vida, sem cuidado e amor. Os filhos devem ser a alegria dos pais, e não o seu pesadelo.
Gotas de Sabedoria para a Alma – LPC Publicações – Digitado por: Rev. Zé Francisco.

segunda-feira, 24 de março de 2014

O DOIS POTES - Ilustração


Todos os dias um agricultor saía com dois pesa­dos potes para buscar água num oásis vizinho. Levava os dois potes pendurados nas pontas de uma vara que carregava apoiada no ombro. Um dos potes era perfeito e sempre chegava cheio de água. Já o outro pote estava rachado e chegava ao destino com apenas metade da água. Foi assim ao longo de dois anos, diariamente, com o carregador tendo ao fim da jornada apenas um pote e meio de água.
O pote perfeito estava orgulhoso de suas realiza­ções, enquanto o pote rachado, envergonhado de sua imperfeição: ele estava realizando apenas metade do que havia sido destinado a fazer. Em sua amargura, desejava ver chegar o dia em que um golpe qualquer o reduzisse a cacos, colocando um ponto final em sua frustrada existência. Talvez entendendo o sentimento do pote, o agricultor lhe pediu que prestasse atenção ao caminho percorrido todos os dias. Em sua invencí­vel tristeza, jamais olhara para os lados. Concentrava-se apenas na fresta que deixava fugir a água.
E nesse dia, pela primeira vez, prestou atenção ao caminho. Uma das margens da estrada, exatamente a que ficava do lado do pote rachado, transformara-se em jardim. Com a água caindo todos os dias, as terras secas tornaram-se férteis e o vento foi trazendo sementes de terras distantes.
No começo foram pequenas flores selvagens; de­pois chegaram outras sementes que produziram flores, perfumadas e coloridas, atraindo borboletas, insetos e até pequenas aves. Já o outro lado da trilha, por onde passara o pote perfeito, continuava árido e estéril.
Os dois potes representam duas maneiras de viver. Uns colocam sua preocupação em si mesmos e exibem sua perfeição. Mas trata-se de uma perfeição egoísta e fria. Outros, quem sabe mais limitados, passam a vida semeando a bondade que torna florida a paisagem. Um dia, Deus não levará em conta a perfeição, mas o amor.
São João da Cruz costumava dizer: no anoitecer da vida, seremos julgados pelo amor. Isso corresponde à lógica do Evangelho: quem quiser guardar sua vida, vai perdê-la, mas quem gastar sua vida, vai ganhá-la.
Comente: é bom ser importante, mas importante mesmo é ser bom!
Como você pode superar as próprias limitações?

ATIVIDADE CRIADORA DE DEUS NO RELACIONAMENTO (2)


TIMÓTEO 2:11-14 - (...Continuação 5).
Voltemos para a 1ª Epístola de Paulo a Timóteo: “11 A mulher aprenda em silêncio, com toda a submissão. 12 E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém,
em silêncio. 13 Porque, primeiro, foi formado Adão, depois, Eva. 14 E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão”.
Prestemos atenção para o fato de que Paulo começa falando em silêncio
e submissão no v. 11 e termina citando a palavra silêncio no final do v. 12. Ter de falar sobre estas coisas não é nada simpático. Mas Paulo escreve estas palavras sob a liderança do Espírito Santo. Paulo queria ensinar às mulheres e a toda igreja.
Paulo diz: “E não permito que a mulher ensine (ao homem, no caso), nem exerça autoridade de homem”. Precisamos reconhecer que aqui o homem é o objeto de dois verbos (ensinar e exercer) embora a palavra “homem” só apareça depois do segundo verbo (exercer) — a ideia é de exercer autoridade. Tudo isso está num contexto que envolve de forma ampla a vida da Igreja. O que Paulo tem em mente aqui é o ensinar verdades espirituais. Ele não está dizendo que a mulher não pode ensinar ao marido como usar a máquina de lavar pratos ou como cozinhar. Ela não está exercendo autoridade sobre o homem ao fazer isso, mas está desempenhando seu papel de auxiliadora. O que Paulo não permite é a mulher ensinar ao homem as verdades bíblicas.
As palavras centrais aqui no texto são: mulher e homem. É por causa das distinções e atribuições existentes entre os dois sexos que Paulo estabelece uma diretriz. O apóstolo faz isso como porta-
voz de Cristo, com a autoridade plena de um apóstolo. Como veremos adiante, as mulheres certamente são encorajadas a ensinar
a outras mulheres e crianças (Tito 2:3-4; 2 Tm 3:15)
Na Igreja a mulher não tem a permissão de Deus para ensinar ao homem e de exercer autoridade sobre o homem, a menos que ela vire de cabeça para baixo a ordem específica de Deus. É um mandamento
mais amplo do que simplesmente o proibir que a mulher
tenha um ofício na igreja (pastora, presbítera, diaconisa). Por inferência
fica bem claro que isso também é proibido, porque uma das formas primordiais de se exercer autoridade na Igreja é ensinar à Igreja. Pedir que uma mulher venha à frente e ensine a toda a congregação
é uma violação do que o Espírito Santo está ensinando através do apóstolo.
Por quê?
O próximo versículo começa com a palavra “Porque” ou “Pois”: “Porque, primeiro, foi formado Adão, depois, Eva” (v. 13). Paulo aqui dá a razão do por que a mulher não pode ensinar. Tudo é por causa
da ordem criadora de Deus. E ele diz isso muito objetivamente.
Alguém poderia afirmar: “Se vamos nos submeter a este argumento
então nós mulheres não deveríamos estar submissas aos homens e sim aos animais, porque eles foram criados primeiro do que o homem”. Meus irmãos, aqui o apóstolo Paulo não está tratando
simplesmente da ordem cronológica da criação. Não! Paulo fala dessa forma porque tem em vista o modo como Deus estabeleceu
a relação entre o homem e a mulher. Ele está pensando em quem é o cabeça e quem tem a autoridade para desempenhar o papel de líder. É nessa relação que ele diz: “... primeiro, foi formado Adão, depois, Eva”. Então, para Paulo, este argumento da ordem criadora de Deus determina quem é o cabeça e quem está em submissão na família e também na Igreja; na atividade de quem deve ensinar e exercer autoridade.
Casamento e Igreja x Liderança
Pensemos de forma clara. Qual foi o argumento que Paulo usou para definir quem é o cabeça no casamento? Ele usou o mesmo argumento
que usou para estabelecer quem é o líder e autoridade na igreja. Então vemos que, tanto o casamento como o funcionamento da Igreja
estão ligados à questão de quem é o cabeça, quem é a autoridade: Adão foi formado primeiro e depois Eva. Ou seja, se abrirmos mão da liderança masculina na Igreja, isso implica em que também estaremos
quebrando um preceito bíblico — quem deve assumir a liderança no lar. Os dois papéis têm a mesma base teológica.
Papéis Invertidos (1 Tm 2:14)
Mas Paulo adiciona ao seu argumento da criação, uma ilustração com relação à queda no v. 14: “E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão”.
Compare esta expressão de Paulo com Gênesis 3:13. Ali vemos o que Eva disse para Deus: “A serpente me enganou, e eu comi”. Veja que Paulo está citando as próprias palavras de Eva; ele não está inventando uma história. Se pudermos ver isso em um contexto mais amplo, veremos que foi exatamente quando os papéis foram invertidos, na hora da tentação, que a queda aconteceu. Pensemos nisto. A serpente vem conversar com Eva e não com Adão. Vem conversar um assunto exatamente com quem não deveria, porque Eva deveria se submeter à liderança do seu marido. A serpente inverte as prerrogativas. Ela fere e quebra a autoridade de Adão.
A serpente vai a Eva e começa a tentá-la. Adão está junto, mas não se manifesta; não assume a sua liderança como deveria fazer. Adão dá a entender à sua esposa que ela pode e deve agir por conta própria, que deve assumir uma atitude de autoridade sozinha sem a decisão do cabeça, sem a decisão do marido. Por isso Eva confessa
a Deus que foi enganada (“A serpente me enganou e eu comi” — v. 13). Mas ela vai em frente e entrega o fruto proibido a Adão que “estava com ela”. Embora Paulo diga que Adão não foi iludido, ele, seguindo erradamente a liderança de sua esposa, come do fruto proibido; ele não assume a liderança e não adverte a sua mulher do erro, mas torna-se cúmplice. Dessa forma concluímos que, por causa da inversão dos papéis ocorreu a queda do homem.
Paulo cita isso para ilustrar o que acontece quando as atribuições, quando os papéis são invertidos. Não estamos dizendo que a culpa
é toda de Eva, ao contrário, dizemos que a culpa maior é de Adão, porque ele negligencia seu papel de cabeça e se deixa levar
pela astúcia de Satanás. Fica bem claro que a serpente sabia a quem deveria enganar e conseguiu seu intento.
Vemos que Paulo não usa aqui um argumento cultural, um costume
da época para resolver um problema que Timóteo enfrentava
na igreja de Éfeso. Está claro que Paulo não permite que a mulher ensine aos homens tendo em vista o primeiro casal, quando a mulher
foi enganada e quando foi quebrada a ordem da criação. Paulo está claramente exercendo sua autoridade apostólica para dizer que a mulher não pode ensinar na igreja porque esta é uma prerrogativa
daquele que tem a autoridade do ensino e da liderança na igreja — o homem; e Paulo faz isso tomando como base a ordem da criação de Deus.

...Continua...

O PREGUIÇOSO SÓ VÊ DIFICULDADES


O caminho do preguiçoso é como que cercado de espinhos, mas a vereda dos retos é plana (Pv 15.19).
Um indivíduo preguiçoso vive fora da realidade. E dominado por fantasias. O preguiçoso enxerga as coisas de forma desfocada. Ele vê o que não existe e aumenta o que existe. O caminho do preguiçoso não é cercado de espinhos, mas é como se fosse. O problema não existe, mas por causa de sua preguiça ele age como se existisse. O preguiçoso vê dificuldade em tudo. Ele não procura trabalho porque parte do pressuposto de que todas as portas da oportunidade lhe estarão fechadas. Ele não se dedica aos estudos porque está convencido de que não vale a pena estudar tanto para depois não ter recompensa. Ele só enxerga espinhos na estrada da vida enquanto dorme o sono da indolência. É diferente a vereda dos retos. Mesmo que haja espinhos, o homem reto os enfrenta. Mesmo que a estrada seja sinuosa, ele a endireita. Mesmo que haja vales, ele os aterra. Mesmo que haja montes, ele os nivela. O homem reto é aquele que transforma dificuldades em oportunidades, obstáculos em trampolins, desertos em pomares e vales em mananciais. Ele não foca sua atenção nos problemas, mas investe toda a sua energia na busca de soluções.
Gotas de Sabedoria para a Alma – LPC Publicações – Digitado por: Rev. Zé Francisco.