segunda-feira, 28 de abril de 2014

Casamento, Uma Instituição Essencialmente Cristã

Alguns anos atrás, compareci a um casamento interessante. Fui especialmente surpreendido pela criatividade da cerimônia. A noiva e o noivo tinham desenvolvido ideias com o pastor para inserir elementos novos e empolgantes no culto, e eu gostei daqueles elementos. Contudo, no meio da cerimônia, eles incluíram porções da cerimônia de casamento clássica e tradicional. Quando comecei a ouvir as palavras da cerimônia tradicional, minha atenção foi despertada e fiquei comovido. Lembro-me de ter pensado: “Não há como melhorar isso, pois as palavras são tão belas e significativas”. Uma grande quantidade de reflexão e cuidado foi colocada nessas velhas e familiares palavras.
Hoje, é claro, muitos jovens estão não apenas dizendo “não” para a tradicional cerimônia de casamento, como também estão rejeitando o próprio conceito do casamento. Mais e mais jovens estão vindo de lares rachados e, como resultado, têm medo e desconfiança quanto ao valor do casamento. Então vemos casais vivendo juntos ao invés de se casarem, por medo de ser grande demais o custo de tal comprometimento. Eles temem que isso os torne vulneráveis demais. Isso significa que uma das mais estáveis e, costumávamos pensar, mais permanentes tradições de nossa cultura está sendo desafiada.
Uma das coisas que eu mais gosto na cerimônia tradicional de casamento é que ela inclui uma explicação para o motivo da existência de algo como o casamento. Nos é dito, naquela cerimônia, que o casamento é ordenado e instituído por Deus — isso significa dizer que o casamento não simplesmente brotou arbitrariamente de convenções sociais ou tabus humanos. O casamento não foi inventado por homens, mas por Deus.
Nós vemos isso nos primeiros capítulos do Antigo Testamento, onde encontramos o relato da criação. Encontramos que Deus vai criando em etapas, começando com a luz (Gn 1.3) e finalizando o processo com a criação do homem (v. 27). Em cada etapa, ele profere uma bênção, uma “boa palavra”. Deus repetidamente olha para o que ele criou e diz: “Isso é bom” (vv. 4, 10, 12, 18, 21, 25, 31).
Mas então, Deus nota algo que provoca não uma bênção, mas o que chamamos de maldição, isto é, uma “palavra má”. O que é essa coisa que Deus viu na sua criação que ele julgou como “não é bom”? Nós a encontramos em Gênesis 2.18, quando Deus declara: “Não é bom que o homem esteja só”. Isso o leva a criar Eva e a trazê-la até Adão. Deus instituiu o casamento, e ele o fez, em primeira instância, como uma resposta à solidão humana. Por essa razão, Deus inspirou Moisés a escrever: “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (v.24).
Mas embora eu goste de apreciar as palavras da cerimônia tradicional de casamento, eu creio que a forma da cerimônia é ainda mais importante. Isso porque a cerimônia tradicional envolve fazer um pacto. Toda a ideia de pacto está profundamente enraizada no cristianismo bíblico. A Bíblia ensina que nossa própria redenção é baseada em um pacto. Muito poderia ser dito a respeito do caráter dos pactos bíblicos, mas uma faceta vital é que nenhum deles é uma questão privada. Todo pacto é tomado diante de testemunhas. É por isso que trazemos convidados aos nossos casamentos, para que eles testemunhem os nossos votos — e nos considerem responsáveis por cumpri-los. Uma coisa é um homem sussurrar expressões de amor para uma mulher quando ninguém ouve; mas é muito diferente quando ele fica de pé em uma igreja, diante de pais, amigos, autoridades eclesiásticas ou civis, e diante do próprio Deus e, lá, faz promessas de amá-la e protegê-la. Votos de casamento são promessas sagradas feitas na presença de testemunhas que se lembrarão delas.
Eu creio que o casamento é a mais preciosa de todas as instituições humanas. É também a mais perigosa. Em nossos casamentos, derramamos as nossas mais profundas expectativas. Colocamos as nossas emoções. Lá podemos alcançar a mais profunda felicidade, mas também podemos experimentar a maior decepção, a maior frustração, a maior dor. Com tudo isso em jogo, precisamos de algo mais solene do que uma promessa casual.
Mesmo em cerimônias formais de casamento, com o envolvimento de estruturas de autoridade, cerca de cinquenta por cento dos casamentos fracassam. Infelizmente, entre homens e mulheres que permanecem juntos como marido e mulher, muitos não se casariam com o mesmo cônjuge novamente, mas permanecem juntos por várias razões. Algo foi perdido quanto ao caráter sagrado e santo do pacto do casamento. A fim de fortalecer a instituição do casamento, devemos considerar fortalecer a cerimônia de casamento com uma clara e bíblica lembrança: o casamento é instituído por Deus e forjado à sua vista.
Tradução: Alan Cristie.

R. C. Sproul nasceu em 1939, no estado da Pensilvânia. É  pastor da igreja St. Andrews Chapel, na Flórida.

Fé ou Arrependimento: o que vem primeiro?

Sinclair Ferguson
Quando o evangelho é proclamado, à primeira vista parece que duas diferentes respostas, até mesmo alternativas, são necessárias. Às vezes o chamado é “Arrependa-se!”. Assim, “apareceu João Batista pregando no deserto da Judéia e dizia: ‘Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus’” (Mt 3.1-2). Novamente, Pedro insta com os ouvintes cujas consciências foram abertas no dia do Pentecoste: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo” (At 2.38). Mais tarde, Paulo insta com os atenienses para se arrependerem em resposta à mensagem do Cristo ressurreto (At 17.30).
Ainda assim, em outras ocasiões, a resposta apropriada ao evangelho é: “Creia!”. Quando o carcereiro filipense perguntou a Paulo o que ele deveria fazer para ser salvo, o apóstolo disse a ele: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo” (At 16.31).
Mas não há mistério ou contradição aqui. Mais adiante em Atos 17, descobrimos que precisamente onde a resposta do arrependimento era necessária, aqueles que foram convertidos são descritos como crentes (At 17.30, 34).
Qualquer confusão é certamente resolvida pelo fato de que quando Jesus pregou “o evangelho de Deus” na Galiléia, ele instou aos seus ouvintes: “O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1.15). Aqui o arrependimento e a fé estão unidos. Eles denotam dois aspectos na conversão que são igualmente essenciais. Assim, cada termo sugere a presença do outro, pois cada realidade (arrependimento ou fé) é sine qua non da outra.
Em termos gramaticais, portanto, as palavras arrepender crer funcionam como uma sinédoque — uma figura de linguagem na qual uma parte é usada para referir-se ao todo. Portanto, arrependimento sugere fé e fé sugere arrependimento. Um não pode existir sem o outro.
Mas, logicamente, o que vem primeiro? O arrependimento? A fé? Ou nenhum possui uma prioridade absoluta? Houve prolongados debates no pensamento reformado sobre isso. Cada uma das três possíveis respostas têm seus defensores:
Primeiro, W.G.T. Shedd insistiu que a fé deve preceder o arrependimento seguindo a ordem de natureza: “Embora a fé e o arrependimento sejam inseparáveis e simultâneos, ainda assim, em ordem de natureza, a fé precede o arrependimento” (Dogmatic Theology, 2.536). Shedd argumentou isso alegando que o poder motivador para o arrependimento reside na compreensão da fé da misericórdia de Deus. Se o arrependimento precedesse a fé, tanto o arrependimento quanto a fé seriam legais em caráter, e se tornariam pré-requisitos para a graça.
Segundo, Louis Berkhof parece ter tomado a posição contrária: “Não há dúvida de que, logicamente, o arrependimento e o conhecimento do pecado precedem a fé que se entrega a Cristo em amor confiante” (Systematic Theology, p. 492).
Terceiro, John Murray insistiu que essa questão levanta:
... uma pergunta desnecessária e a insistência fútil de que uma precede à outra. Não há prioridade. A fé que é para a salvação é uma fé penitente, e o arrependimento que é para a vida é um arrependimento crente [...] fé salvífica é permeada de arrependimento, e arrependimento é permeado de fé salvífica. (Redemption — Accomplished and Applied, p. 113).
Essa é, certamente, a perspectiva mais bíblica. Não podemos separar o desviar-se do pecado em arrependimento e o converter-se a Cristo em fé. Ambos descrevem a mesma pessoa na mesma ação, mas a partir de perspectivas diferentes. Sob um ângulo (arrependimento), a pessoa é vista em relação ao pecado; de outro (fé), a pessoa é vista em relação ao Senhor Jesus. Mas o indivíduo que simultaneamente confia em Cristo se desvia do pecado. Ao crer, ele se arrepende, e ao arrepender-se, ele crê. Talvez R. L. Dabney expresse isso melhor quando ele diz que arrependimento e fé são graças “gêmeas” (talvez possamos dizer “gêmeas siamesas”).
Mas tendo dito isso, de maneira nenhuma dissemos tudo o que há para se dizer. Entrelaçada com qualquer teologia da conversão repousa uma psicologia da conversão. Em qualquer indivíduo, ao nível da consciência, pode predominar um senso de arrependimento ou de confiança. O que é unificado teologicamente pode ser psicologicamente diverso. Assim, um indivíduo profundamente convencido da culpa e da escravidão do pecado pode experimentar o desviar-se dele (arrependimento) como uma marca predominante em sua conversão. Outros (cuja experiência de convencimento se aprofunda após a conversão) podem ter um senso predominante da maravilha do amor de Cristo, com menos agonia na alma no nível psicológico. Aqui o indivíduo está mais consciente da confiança em Cristo do que do arrependimento do pecado. Mas na verdadeira conversão, um não pode existir sem o outro.
Os pontos psicológicos que acompanham a conversão assim variam, dependendo às vezes da ênfase predominante do evangelho que é exposta ao pecador (a perversidade do pecado ou a grandeza da graça). Isso é bastante coerente com o perspicaz comentário dos Teólogos de Westminster sobre o fato de que a fé (isto é, a resposta confiante do indivíduo à palavra do evangelho) “age em conformidade com aquilo que cada passagem [da Escritura] contém em particular” (CFW 14.2)1.
De maneira nenhuma, entretanto, a real conversão pode acontecer à parte da presença tanto do arrependimento quanto da fé, e, portanto, da alegria e da tristeza. Uma “conversão” em que não há tristeza pelo pecado, que recebe a palavra apenas com alegria, será temporária.
A parábola de Jesus sobre o semeador é instrutiva aqui. Em um tipo de solo, a semente brota rapidamente, mas morre repentinamente. Isso representa os “convertidos” que recebem a palavra com alegria — mas com nenhum senso de estar sendo arado pela convicção do pecado ou qualquer dor no desviar-se do mesmo (Mc 4.5-6, 16-17). Por outro lado, uma conversão que é apenas tristeza pelo pecado, sem nenhuma alegria pelo perdão, provará ser apenas “tristeza do mundo” que “produz morte” (2Co 7.10). No fim, não dará em nada.
Isso, contudo, levanta a última questão: a necessidade do arrependimento na conversão  constitui um tipo de obra que vai contra a fé sem obras? Ela compromete a graça?
Em uma palavra, não. Pecadores devem sempre achegar-se de mãos vazias. Mas esse é justamente o ponto. Por natureza, minhas mãos estão cheias (de pecado, do ego e das minhas próprias “boas obras”). Contudo, mãos que estão cheias não conseguem agarrar-se a Cristo em fé. Ao invés disso, quando elas agarram nele, elas são esvaziadas. Aquilo que nos impedia de confiar nele, inevitavelmente cai no chão. O velho estilo de vida não pode ser retido nas mãos que estão agarrando o Salvador.
Sim, arrependimento e fé são dois elementos essenciais na conversão. São graças gêmeas que não podem ser separadas. Como João Calvino bem nos lembra, isso é verdadeiro não apenas no início, mas durante toda a nossa vida cristã. Nós somos crentes penitentes e penitentes crentes durante todo o caminho em direção à glória.
Tradução: Alan Cristie

HUMILDADE, O PORTAL DA HONRA

O temor do Senhor é a instrução da sabedoria, e a humildade precede a honra (Pv 15.33).

O temor do Senhor não é apenas o princípio da sabedoria, mas também é a instrução da sabedoria. Quem teme a Deus foge dos caminhos convidativos do pecado. Quem teme a Deus não engrossa as fileiras dos pecadores que se vangloriam de sua insensatez, nem se assenta na roda dos escarnecedores que zombam das coisas santas. Quem teme a Deus busca instrução e coloca em prática o que aprende aos pés do Senhor. A evidência de uma pessoa que teme a Deus é a humildade. E impossível temer a Deus e ser ao mesmo tempo soberbo. A arrogância não combina com o temor do Senhor, assim como a humildade não mora na casa do altivo de coração. Se a soberba é a sala de espera da ruína, a humildade é o portal da honra. Deus resiste ao soberbo, mas dá graça aos humildes. Os que se exaltam são humilhados, mas os humildes são exaltados. Os que batem palmas para si mesmos e entoam o hino "Quão grande és tu" diante do espelho serão envergonhados e se cobrirão de opróbrio e vergonha, mas aqueles que choram pelos seus pecados e se humilham sob a poderosa mão de Deus são exaltados. O reino de Deus pertence aos humildes de espírito, e não aos arrogantes de coração. Só os humildes são seguidores daquele que se esvaziou a si mesmo e se tornou servo.
Gotas de Sabedoria para a Alma – LPC Publicações – Digitado por: Rev. Zé Francisco.

PREGAÇÃO EM ATOS 2.4 - O DOM DO ESPÍRITO: UM ATO SOBERANO DE DEUS

INTRODUÇÃO
É bastante peculiar a preocupação de R. C. Sproul em seu livro “O Mistério do Espírito Santo” quando afirma que as inferências neopentecostais, põe em perigo o pleno sentido do Pentecoste na história eclesiástica.
A doutrina do Espírito, mas especificamente, a que diz respeito ao dom do Espirito ou batismo no Espirito Santo, como é mais conhecida, têm sofrido distorcões e causado muitas divergências entre os grupos evangélicos por falta de conhecimento desta doutrina. Muitos, sem fazer sequer um estudo textual do livro de Atos, afirmam que o dom é uma segunda bêncão que evidencia o batismo no Espírito e deve ser buscada, pois Deus só concede àqueles que se santificam e o buscam. Porém, não é esta verdade que encontramos no texto de At 2.4.
Algumas questões precisam ser levantada: será que Deus é individualista e faz acepção de pessoas para dar o “dom”? Será que depende do homem para receber, ou é somente de Deus? Será que Deus não tinha um propósito com a descida do Espírito santo sobre todos os discípulos? Por último, Será que este dom é para servir de espetáculo e provocar orgulho naqueles que recebe?
Elucidação
O livro de Atos dos Apóstolos foi escrito pelo mesmo autor do Evangelho de Lucas para continuar a história que Jesus começou a fazer e ensinar (At 1.1). Embora muitos defendam que o título do livro deveria ser “os Atos do Espírito Santo”, a verdade é que ele continua o ministério por meio de homens escolhidos por Jesus para esse fim. O tema central continua sendo a Cristologia. Sendo que agora o Espírito coopera e sem Ele não nada seria feito, pois Ele é Deus e sempre esteve presente em toda a história da Igreja peregrina.
A manifestação do Espírito na história da igreja, especialmente em Atos, cumpre um propósito divino para a comunicação de sua Verdade a todos os povos (inclusive os gentios) e com isso manter um relacionamento de Pai e filho. Pedro indica para os zombadores que aquilo que eles acabavam de ver e ouvir era o cumprimento da promessa de Deus, no profeta Joel, no sentido de derramar Seu Espírito sobre toda carne (2.17), e todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo (v. 21). Joel, como Lucas (e Pedro), acha que a razão de ser do grande evento escatológico no espírito não é tanto o derramamento do espírito como tal quanto a promessa universal da salvação em prol da qual o Espírito é derramado.
Lucas mostra a importância da descida dizendo que quando o Espírito desceu (do céu) sobre aqueles que aguardavam a promessa de Jesus (At 1.4, 8), eles não somente passaram a falar a mensagem inspirados pelo Espírito, de acordo com a vontade do Espírito, para cumprir o propósito de unir os povos, como também ele nos informa que aqueles que ouviam eram despertados pelo Espírito e se convertiam. Porém, ele deixa bem claro que tudo dependia de Deus. Os que receberam o dom do Espírito, nada fizeram para receber. Todos estavam numa posição estática. Considerado o exposto, desejamos meditar no seguinte tema:
Tema: O DOM DO ESPÍRITO: UM ATO SOBERANO DE DEUS
1. É PARA TODOS OS ELEITOS
Deus não faz acepção de pessoas. Todos, que estão em Cristo, já foram feitos filhos de Deus, e consequentemente, são de fato tratados de igual modo, por um Deus soberano, amoroso e justo. É lamentável ver e ouvir pessoas tratando de Deus como se ele fosse humano. A palavra de Deus diz que ele não é como o homem. Ele age de conformidade com o seu conselho santo.
Fundamentado nesta verdade da soberania de Deus, cremos que todos os eleitos, são batizados no Espírito Santo, ou seja, todos recebem do mesmo Espírito, pois a promessa é para nós e nossos filhos. Paulo diz que aquele que não tem o Espírito, esse tal não é dele (Rm 8.9), e o Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus (v. 16). Como, pois dizem alguns que o crente precisa buscar o dom do Espírito para autenticar a fé? Certamente, estes não conhecem o Deus Soberano que elege o seu povo.
Portanto, não adianta querermos mudar esta verdade, pois tudo depende de um ato soberano de Deus para “todos” os eleitos. O homem é totalmente inoperante nesta ação exclusiva de Deus. Ele apenas recebe como dádiva.
2. CUMPRE UM PROPÓSITO DIVINO
Tudo que Deus fez e faz tem um propósito definido no conselho eterno. Nada, absolutamente nada, acontece por acaso. Por isso, podemos afirmar que “o dom do Espírito” veio sobre a igreja para cumprir um mandato missionário determinando a forma de comunicação para a pregação do Evangelho, e assim alcançar todas as nações.
É interessante observarmos que todos aqueles que verdadeiramente são despertados pelo Espírito Santo, imediatamente se manifestam convictos da verdade, e, logo, passam a anunciar esta verdade, de acordo com o propósito divino. Eles são convencidos de que não podem se calar, pois, antes importa agradar a Deus do que aos homens (At 4.19).
O dom recebido tem esse propósito definido por Deus. Não é o homem quem determina o que fazer com o dom do Espírito Santo, pois ele é de Deus e só servirá a vontade de Dele. Todo crente deve ter essa consciência de serviço a Deus. O dom não autentica nem exalta aquele que recebe, “porque Deus é quem efetua em nós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2.13).
Portanto, A única coisa sábia que devemos fazer é obedecer à voz de Deus. O resto é Ele quem faz para cumprir todo o seu propósito.
3. ALCANÇA O RESULTADO DESEJADO
Se “todos” os eleitos recebem o dom, se Deus “cumpre” o seu propósito, certamente Ele também objetiva um resultado. Aqueles que recebem o dom do Espírito não ficarão inertes, nem permanecerão estáticos após receberem o dom, pois Deus fará com que ele pregue a mensagem para alcançar aqueles que foram destinados para a salvação.
O ensino calvinista é que o Espírito de Deus, através do ministério da Palavra, chama irresistivelmente o eleito, regenerando-o e assim habilitando-o a responder positivamente em fé à oferta das boas novas do Evangelho. Essa chamada é irresistível, embora não se constitua uma violação da vontade do pecador.
Um dom que serve apenas aos caprichos soberbos do homem, não pode ser caracterizado como um dom espiritual vindo da parte de Deus, pois os dons de Deus são para o uso exclusivo na expansão das boas novas de salvação, a fim de que todos em todo o mundo conheçam a graça soberana de Deus. Uns responderão positivamente, para a vida; outros porém, responderão negativamente para a morte. O que fica claro é que o “dom do Espírito” alcança o objetivo santo de Deus. É sempre independente da vontade humana porque é Deus que decide, aliás, Ele já decidiu no conselho eterno.
Portanto, estamos persuadidos, e aqui reafirmamos que Deus não faz nada que possa ser frustrado porque ele tem tudo planejado na eternidade e fará cumprir para que seja alcançado o seu desejo.
CONCLUSÃO
Gostaria de concluir esse pequeno comentário citando um texto de John R. Stott: “Em cada tipo de batismo... há quatro elementos. Os dois primeiros são o sujeito e objeto, ou Seja, o batizador e o batizado. Em terceiro lugar, há o elemento com ou em (en) que o batismo é realizado, e, em quarto lugar, o propósito”. Nesse caso, o Espírito Santo é o Sujeito que batiza, os eleitos, é o objeto que recebe o batismo (ou dom), e o propósito é a formação da nova igreja universal.
Antony Hoekema diz: “ser batizado com o Espírito é descrito como idêntico à regeneração – com o soberano ato de Deus pelo qual somos feitos um com Cristo e incorporado no seu corpo”. Você não precisa buscar um “batismo do Espírito Santo como uma experiência pós-conversão, como diz Paulo aos Coríntios e serve pra nós; quem está em Cristo, já foi batizado com ou no Espírito”! e, “o fato de que todos sejam batizados com o Espírito não significa que já estejam sempre entregues plenamente ao Espírito ou cheios do Espírito”.

Ipanguaçu/RN, 27 de Abril de 2014 – Pr, José Francisco.