Quando Paulo escreveu essas
palavras, o Novo Testamento ainda não existia como um documento escrito e
concluído. Quando os pregadores, cheios do Espírito Santo, pregavam - essa
mensagem era a própria Palavra de Deus, pregada pelo próprio Espírito Santo.
Isso pode ser verificado em 2 Pedro 1:21, em que lemos: “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas
os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo." 2
Timóteo 3:16 acrescenta: "Toda a
Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir,
para corrigir, para instruir em justiça."
Portanto, o que precisamos
compreender é que o dom da profecia implica em anunciar a Palavra de Deus às
pessoas que não tinham o benefício de uma Bíblia pessoal, por meio de homens
que tinham poucas Escrituras do Antigo Testamento à sua disposição, se é que
tinham alguma! O Espírito Santo estava falando diretamente aos homens. E, o dom
das línguas era uma extensão disso, pois aqueles que tinham esse dom podiam
pregar em um idioma que nunca haviam estudado. A coisa interessante sobre o dom
das línguas era que muito frequentemente, a pessoa que exercia esse dom não
compreendia o que estava dizendo! É por isso que Paulo lhes disse para buscarem
o dom da interpretação (14:13; citado anteriormente). A palavra
"língua" ou "línguas" é no grego glossa (o significado
exato é incerto, mas provavelmente refere-se à língua física) e indiretamente
refere-se às línguas, como algumas vezes usamos hoje (por exemplo, dizemos:
"O português é nossa língua materna"). Isso fica fortemente inferido
pelo que encontramos em Atos 2, quando falar em línguas estranhas começou no
dia de Pentecostes. Judeus provenientes de muitos países diferentes estavam em
Jerusalém por ocasião da festa, e quando Pedro e os outros, sob o controle do
Espírito Santos, começaram a pregar para eles em sua própria língua nativa,
lemos o seguinte: "E todos pasmavam
e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! Não são galileus todos
esses homens que estão falando? Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa
própria língua em que somos nascidos?" [Atos 2:7-8] Portanto, a partir
disso, é bem claro que o dom das línguas envolvia a pregação sobrenatural em
idioma estrangeiro.
No entanto, muita confusão tem
aparecido a respeito dos comentários em 1 Coríntios 14:2 e 14:4 sobre aqueles
que falam em línguas não falarem aos homens, mas a Deus - que o dom edifica
aquele que o exerce (verso 4) - como se esse dom fosse limitado a algum tipo de
êxtase celestial durante a oração do indivíduo a Deus. Uma limitação, ou
dualidade de significado, simplesmente não pode ser o caso, pois a mesma
palavra grega glossa é usada tanto em Atos 2 quanto em 1 Coríntios. E, como a
narrativa em Atos nos diz sem qualquer dúvida que os judeus estrangeiros
compreenderam o que estava sendo dito, precisamos buscar alguma outra
explicação para essa passagem em particular. Assim, tomado no contexto em que é
dada – isto é, Paulo falando aos crentes coríntios sobre a igreja deles -
qualquer pessoa que falasse em um idioma estrangeiro para eles não seria
compreendida e somente o próprio orador seria edificado. A edificação pessoal
tinha um sentido de sarcasmo dirigido àqueles que estavam abusando desse dom. O
verso 9 reitera a futilidade de falar sem que a igreja compreendesse e o verso
10 enfatiza o fato que aquilo que é dito constitui língua estranha.
E, em resumo, esse extenso ensino
de Paulo foi obviamente motivado pelos excessos carnais daqueles que possuíam o
dom e o usavam de um modo inadequado, sem sabedoria. Aparentemente, estar sob a
influência do Espírito Santo era uma experiência maravilhosa e podia ser
controlada pelo indivíduo. Em outras palavras, ele podia "sentir-se bem"
tão frequentemente quanto desejasse e por quanto tempo quisesse. E, o controle
do indivíduo é firmemente estabelecido pelo verso 32, que diz: "E os
espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas." [1 Coríntios 14:32].
Assim, com a natureza humana
carnal sendo como é, os excessos e abusos aconteceram. Os coríntios eram mais
carnais do que a maioria e Paulo precisou corrigi-los.
Mas, e hoje? Que
razões poderíamos ter para dizer que esses dons não são mais válidos? Bem, se
voltarmos um capítulo, Paulo responde a essa pergunta no Capítulo 13, versos 8
a 10: "O amor nunca falha; mas
havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo
ciência, desaparecerá; porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado."
W. E. Wine, em seu livro
Expository Dictionary of New Testament Words, tem este pertinente comentário a
respeito do dom das línguas: "Não existe evidência da continuidade desse
dom após o período apostólico ou mesmo no fim do período apostólico; isso
oferece confirmação do cumprimento de 1 Coríntios 13:8, que esse dom cessaria
nas igrejas, exatamente como as "profecias" e
"conhecimento" no sentido de conhecimento recebido por poder sobrenatural
imediato. A finalização das Sagradas Escrituras forneceu às igrejas tudo o que
é necessário para a orientação, instrução e edificação individual e coletiva."
[ênfase minha].
Uma vez que o cânon das Escrituras
do Novo Testamento ficou completo, as instruções de Deus para seu povo ficaram
em forma escrita e a pregação verdadeiramente inspirada, bem como o ensino e
interpretação da vontade e propósito divino cessaram. Lembre-se que a palavra
"inspirada" em termos espirituais significa "Deus soprou"
(no grego é theopneustos) e refere-se somente àquilo que o próprio Deus fez ser
dito nas igrejas primitivas e colocou nas Escrituras do Antigo e do Novo
Testamento. O livro do Apocalipse põe a tampa sobre tudo e o próprio Senhor
Jesus Cristo nos diz em 22:18-19 que não devemos acrescentar nem remover de sua
palavra e Deuteronômio 4:2 faz a mesma solene advertência no Antigo Testamento.
Assim, quando qualquer pregador afirma que sua pregação é divinamente inspirada
e que pode fornecer informações proféticas que não estão contidas na Bíblia,
suas próprias palavras o condenam, pois está tentando fazer acréscimos àquilo
que já está completo e perfeito.
As formigas já estão alvoroçadas?
Apenas para o bem
do argumento, vamos supor que eu esteja errado sobre a interpretação desse
assunto. Vamos supor que as línguas ainda estejam em existência e sejam
perfeitamente legítimas. Quais serão as ramificações nesse caso? Primeiro de
tudo, seria o fato que as línguas eram somente um dos vários "sinais"
dados para autenticar a mensagem do evangelho diante de um mundo ignorante e
analfabeto. Outros incluiriam a operação de milagres - incluindo a cura dos
enfermos e a ressurreição dos mortos. Expelir demônios também seria um bom
exemplo. E, quando examinamos cuidadosamente a evidência dada nas Escrituras,
descobrimos que nem um dos vários milagres narrados foram questionados nem
mesmo pelo inimigo mais beligerante! Os fariseus cometeram um erro grave ao
atribuir os milagres de Cristo a Belzebu (Mateus 12:24), mas não negaram os
milagres em si. Em Atos 4:16, o Sinédrio admitiu que não podia negar o fato que
o homem paralítico tinha sido curado! E, à medida que os discípulos de Cristo
se espalharam pelas nações naqueles dias primitivos, seus milagres foram desprezados,
mas nunca questionados com sucesso. Milagres do mesmo tipo e magnitude estão
sendo operados hoje? Operados de uma forma tal que ninguém
possa questioná-los? Quando foi a
última vez que você viu pessoalmente um irmão em Cristo simplesmente tocar em
um cego e restaurar a visão dele sem qualquer questionamento, ou melhor ainda,
ressuscitar um morto? Tenho sido um filho de Deus praticamente toda a minha
vida e já tive comunhão com milhares de outros irmãos em meus mais de 62 anos
de idade, mas ainda não vi isso, muito menos ouvi que tivesse sido feito de tal
maneira a causar agitação entre os não salvos! Os "dons de sinais"
eram para o propósito expresso de abalar os incrédulos no fundo de seu ser, de
forma que eles não pudessem negar. Deixe-me perguntar isto: Você pode se lembra
de alguma situação na Palavra de Deus em que essa magnitude de milagre foi
alguma vez realizada no meio dos irmãos, durante uma de suas reuniões? A
ressurreição de Êutico em Atos 20:9 é o único caso em que posso lembrar que
chega perto disso. Não, os milagres eram geralmente realizados diante de grande
multidão de pessoas perdidas, de modo a maximizar o efeito - como o senso comum
diz que eles deveriam fazer. Alguém, em algum lugar hoje - de um modo que possa
ser provado sem quaisquer dúvidas - pregou para estrangeiros não convertidos na
própria língua deles, de modo que eles ficassem estupefatos com a capacidade do
indivíduo de fazer isso? Se o poder pentecostal ainda está ativo, por que não?
Esses milagres não deveriam ser lugares-comuns e causar grande admiração entre
os incrédulos? Além disso, se o dom das línguas ainda está ativo, a pessoa que
tem esse dom poderia pregar na presença de linguistas e convencê-los da
autenticidade da linguagem. Lembre-se que o espírito dos profetas está sujeito
aos próprios profetas. Ah, ocasionalmente recebemos mensagens de correio
eletrônico de pessoas que insistem que até os mortos estão ressuscitando hoje,
mas onde está a evidência indisputável disso? Receio que tal "fé"
seja completamente falsa e que esteja fazendo mais mal do que bem.
E, finalmente, chegamos ao aspecto
mais incômodo de toda a área deste assunto - uma caixa cheia de formigas
lava-pés, que honestamente estou relutante em abrir, mas sinto que é algo que
precisa ser feito. E, como não há um modo suave de fazer isso, tenho de ser bem
direto. Se você fala em línguas e/ou recebe vários tipos de mensagens de Deus,
como está absolutamente certo de que elas são genuínas? Tanto quanto eu saiba,
existe somente um método bíblico, que encontra-se em 1 João 4:1-4, que diz de
forma bem clara: "Amados, não
creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já
muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito
de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus;
E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de
Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e
eis que já está no mundo. Filhinhos, sois de Deus, e já os tendes vencido;
porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo."
Observe que o verso 1 é na verdade
uma ordem para testar e deve ser reconhecido pelo povo de Deus como uma
advertência legítima que os espíritos demoníacos podem nos enganar. E, o engano
não é apenas possível, mas certo, pois é a maior arma de Satanás contra a
humanidade. É por isto que somos advertidos em todo o Novo Testamento a ficar
de guarda contra a enganação. Em Mateus 24:24, o Senhor nos diz que durante o
Período da Tribulação, a enganação será tão grande que os próprios eleitos
serão tentados por ela. Portanto, aos nos aproximarmos do fim dos tempos, precisamos
compreender que a enganação espiritual é um fato da vida diária para todos os
filhos de Deus e tomarmos precaução para não sermos uma das suas vítimas. Você
já teve seu(s) espírito(s) testado(s) pelo método bíblico? Enquanto estiver sob
o poder do espírito - na presença de um grupo de irmãos piedosos e consagrados
- alguém questionou o "espírito das línguas", ou "o espírito da profecia",
etc. e exigiu que ele confesse que Jesus Cristo é o Senhor e que veio em carne?
Amados, se o Espírito Santo é quem está por trás desse dom em particular em
questão, podemos ter a certeza que a confissão será feita porque caso
contrário, Deus não nos instruiria a testar. Se a confissão não for feita, o espírito
é falso e precisa ser tratado da forma apropriada. Além disso, uma total honestidade
por parte da pessoa que está manifestando o dom é, obviamente, de fundamental
importância – a confissão precisa ser feita pelo espírito, e não pela pessoa.
Estamos cientes
da enganação demoníaca que está ocorrendo entre os irmãos em muitas diferentes
áreas da vida, não apenas entre os carismáticos. Toda denominação e seita do
cristianismo está infestada com joio. A apostasia está desmedida e nosso
objetivo não é entrar em uma disputa sobre quem está certo e quem está errado
com relação à doutrina. Estamos tentando "manejar bem a palavra da
verdade" [2 Timóteo 2:15] e atuar como um atalaia posicionado no alto da
muralha. Que Deus o abençoe à medida que você procurar servi-lo da melhor maneira
possível.
(Do Livro Línguas estranhas entre nos Crentes)
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http://www.espada.eti.br/p174.asp
(No próximo: Batismo com o Espírito Santo e com Fogo – Aguarde).
REV.
JOSÉ FRANCISCO – IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL
IGREJA
PRESBITERIANA DE IPANGUAÇU-RN
VIVENDO E CRESCENDO NO
EVANGELHO