Queridos
pais, para o Brasil tornar-se o país do futuro, com a justiça sendo uma de suas
bases sólidas é necessário enraizar a justiça de Deus - não a dos homens - no
coração dos nossos filhos, futuro desta nação. É absolutamente imprescindível
acontecer uma transformação radical na mente e coração do povo. As leis
brasileiras não podem criar em cada cidadão um senso de justiça, nem mesmo
assegurar que a punição será executada, pois o "jeitinho brasileiro"
está tão arraigado, apegado à cultura, que sempre encontra um modo de burlar as
leis. É exatamente por isso, que grande parte deste livro enfocará disciplina e
correção de filhos. Muito depende de você, papai e mamãe! Por quê? Não é
preciso apenas uma disciplina justa, correta e amorosa. Existe algo ainda mais
importante!
Sem
dúvida alguma, creio que a maior necessidade dos filhos é ter modelos a seguir.
Não me refiro a modelos encontrados em revistas de moda, nem nos desfiles apresentados
na TV, pessoas bonitas, com cabelos impecavelmente penteados, corpos perfeitos,
peles bem tratadas e posturas elegantes. O propósito delas é nítido: chamar a
atenção do consumidor para algum produto. Refiro-me, porém, a fornecer exemplos
a nossas crianças, adolescentes e jovens de como a vida deve ser vivida. Como
pais, às vezes esquecemos que desfilamos na passarela da vida ante pequeninos
olhos, mostrando-lhes o cotidiano; como vivê-lo, seus valores. Quer queiramos
ou não, estamos no palco diante de uma plateia que observa atentamente cada um
de nossos movimentos. Essas crianças não pagam entrada, não fazem anotações e
nem mesmo têm consciência de que assistem a um "show". Mas ele está
se desenrolando. Cada dia, crianças, adolescentes e jovens - futuros adultos estão
sendo ensinados pelos pais, vizinhos, parentes, amigos, líderes da comunidade,
da igreja, do governo. Analisando nossas vidas como pais, que tipo de valores
nossos filhos têm aprendido? Num momento de franqueza e lucidez, diríamos que
muito da vida nos é oferecido graciosamente, como apanhar uma flor, apreciar um
pôr do sol, abraçar uma criança. Entretanto, nos entregamos a anseios que nos
levam a construir castelos efêmeros e temporários, erguidos com dispendiosos
carros, brinquedos caríssimos, sons de última linha (que amanhã já estarão
ultrapassados), etc. É a valorização do status. Desejamos que nossos filhos
cresçam pacientes, bondosos, tendo consideração pelos outros, porém eles
convivem com pais descontrolados, que esbravejam obscenidades enquanto dirigem
no trânsito. Cremos na integridade, na honestidade e intencionamos ver em
nossos filhos essas qualidades. No entanto, eles sabem que sonegamos o imposto
de renda. Tomamos posição veemente contra drogas, mas em diversos lares as
crianças vêm seus pais anestesiados pelo álcool. Sonhamos que venham a ter um
casamento feliz e harmonioso, entretanto eles têm que suportar em casa um
ambiente de ódio, inveja, ciúme, competição, palavrões, brigas, incompreensões,
explosões e separações. O que os filhos assimilam em relação às prioridades da
vida? Percebem que não valorizamos relacionamentos familiares como deveríamos,
enquanto dinheiro, realização pessoal e profissional nos obcecam. O que
aprendem sobre moralidade? Ficam frente à TV assistindo horas de violência,
sexo e infidelidade conjugal. Muitos dos próprios lideres de comunidade e da
igreja lhes oferecem o mesmo exemplo. Deus nos ajude, somos péssimos modelos! Em
Mateus 18.6-7, Jesus advertiu:
"Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um
destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao
pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse jogado na profundeza do mar. Ai do
mundo, por causa dos escândalos - mas ai do homem pelo qual vem o escândalo.” O
maior impacto que podemos causar na vida de nossos filhos é através da forma
que vivemos.
Muitas
vezes, o que transmitimos a eles é: “Faça o que digo, mas não faça o que
faço". Isso é errado! Seria correto se, convictos de sermos bons exemplos
(inclusive no que tange a honestidade sobre nossos erros, assumindo a
responsabilidade, pedindo perdão, pois não somos perfeitos), disséssemos:
"Faça o que faço" - como o grande apóstolo Paulo disse à igreja de
Cristo: "Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo." I Coríntios
11.1. Que assim seja!
Que
Deus lhes dê ânimo e coragem no decorrer da leitura e estudo deste livro, na
assimilação de seus conceitos em suas vidas e em seu relacionamento
paternal/filial. O Brasil, neste momento de crise, precisa, desesperadamente,
de filhos de justiça.
Que
o Senhor os encha de sabedoria para cumprirem a parte que lhes cabe.
Abraços,
Jaime Kemp
Do Livro: Nós Temos Filhos - Jaime Kemp.