terça-feira, 8 de julho de 2008

O MISTÉRIO DO CASAMENTO, (parte 1)

(Gene Edward Veith, Jr.)

Todos os cristãos – na verdade, todos os seres humanos – foram chamados por Deus numa família. Nossa existência é proveniente de nossos pais, que nos conceberam e nos trouxeram ao mundo. Deus poderia ter povoado a terra criando do pó cada nova pessoa separadamente, mas, em vez disso, Ele decidiu que cada nova vida fosse gerada e cuidada pela família.
A família é a base onde o poder criativo de Deus e seu cuidado providencial são transmitidos, por meio dos seres humanos. Os antropólogos afirmam que a família é a unidade básica de toda a cultura. A família, com a autoridade delegada por Deus, também é a base para qualquer outra autoridade humana. Assim, a cidadania tem o seu fundamento na família, como pai que deve prover sustento para os filhos pelo trabalho que realiza. Na igreja, a família é elevada à imagem da relação íntima que Deus tem com seu povo: Deus é nosso Pai nos céus, a igreja é o corpo de Cristo na Terra.

QUAL É O MISTÉRIO
“Deus faz que o solitário more em família” (Sl 68,6). Segundo Gênesis, não era bom que o homem estivesse só, por isso Deus lhe fez uma mulher, de sua própria carne, instituiu o casamento e ordenou que fossem fecundos e se multiplicassem (Gn 1 – 2). Ao reunirem textos bíblicos sobre o casamento e a família, os reformadores (séc. XVI), insistiram que não há vocação maior nem mais santa do que o casamento, e que tudo o que oferece ao casamento, inclusive o relacionamento sexual, é dom de Deus (Ef 5.32). O casamento é uma manifestação tangível da relação entre Cristo e a igreja, embora apenas os casais cristãos, pelos olhos da fé, sejam capazes de perceber, como isso ocorre. Veja como o apóstolo Paulo escreve sobre como marido e mulher deve tratar um ao outro: As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor; porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo. Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido” (Ef 5:22-24). Ou seja, a mulher vê Cristo oculto no marido. Ela se submete a ele assim como a Igreja o faz em relação a Cristo. O marido, por sua vez, deve fazer por sua esposa o que Cristo fez por sua Igreja: “Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela”, (v. 25). Dentro do “mistério do casamento”, a mulher deve ser submissa ao marido e este deve se entregar por ela. Tudo isso é feito em amor e serviço ao próximo. No casamento, o próximo da mulher é o marido e vice-versa. Os dois cumprem a vocação matrimonial amando e servindo um ao outro. Para que esse relacionamento funcione como a bíblia propõe, os marido não deve ser tirano controlando sua pobre mulher, nem grosseirão preguiçoso refestelado na poltrona esperando que sua esposa faça tudo pra ele. Não foi assim que Cristo tratou sua Noiva, a Igreja; não é assim que ele nos trata. Pelo contrário, o texto de Efésios nos oferece uma imagem de um marido que se sacrifica – seus desejos, suas necessidades, sua força, sua própria vida, se for preciso – para o bem da sua mulher.
No principio da criação, quando Deus estabeleceu o casamento (Gn 2.24), ele ordenou que o marido e a mulher se tornassem “uma só carne”. Isso é realmente “um grande mistério”. O marido deve amar a sua esposa assim como ama o seu próprio corpo (Ef 5.28-33). Nunca deve maltratá-la ou machucá-la mais do que faria consigo mesmo. O apóstolo Paulo não afasta as implicações sexuais que os corpos do homem e da mulher devem compartilhar. Isso é bem explícito no texto de 1 Coríntios 7.3-5 quando diz: “O marido conceda à esposa o que lhe é devido, e também, semelhantemente, a esposa, ao seu marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim o marido; e também, semelhantemente, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim a mulher. Não vos priveis um ao outro, salvo talvez por mútuo consentimento, por algum tempo, para vos dedicardes à oração e, novamente, vos ajuntardes, para que Satanás não vos tente por causa da incontinência”. Essa passagem é bem surpreendente no que concerne à dimensão sexual do casamento. O marido e a mulher devem satisfazer um ao outro sexualmente. Diferente das atitudes contemporâneas em relação ao sexo. Não há a idéia de que “é o meu corpo, e posso fazer o quiser com ele”. Não é o seu corpo – é o de seu cônjuge, é o corpo de Deus. Não há lugar para a permissividade sexual. O sexo deve encontrar sua expressão completa no casamento, para que Satanás não tente o homem e a mulher com artifício da falta de autocontrole, levando-os à infidelidade e à imoralidade sexual. O sexo fora do casamento é pecado porque Deus instituiu o casamento e este está debaixo da autoridade de Deus. O sexo dentro do casamento pela sua natureza tem um propósito que é a maternidade e a paternidade. - Esse será nosso próximo assunto em outro artigo -.