terça-feira, 22 de abril de 2014

JESUS MORREU POR TODOS OS HOMENS?


Todos os cristãos ortodoxos creem que Cristo morreu para redimir as pessoas, mas nem todos concordam sobre por quais pessoas ele morreu. Os arminianos creem que Cristo morreu por todo o mundo. Assim, ele apenas tornou possível a salvação a todos, mas depende de cada um fazer uso, ou não, do poder redentor que Cristo conquistou. Os calvinistas, entendendo que o sacrifício de Cristo não apenas possibilita a expiação, mas realmente a efetua, sustentam que Cristo morreu pelos pecados de seu povo. Segundo essa interpretação, Cristo não poderia ter morrido pelos pecados do mundo inteiro, pois, se tivesse feito isso, teria necessariamente salvo todas as pessoas do mundo inteiro.
Mas a Bíblia ensina isso? Inicialmente devemos perceber que Jesus falou em morrer pelas suas ovelhas. Ele disse: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas” (Jo 10.11). Dessas ovelhas ele disse: “Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim” (Jo 10.14). Em seguida ele declarou: “Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e um pastor” (Jo 10.16). Mas certamente essas ovelhas não eram todas as pessoas do mundo sem exceção. Mais à frente ele disse para um grupo de incrédulos: “Vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas. As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem” (Jo 10.26-27). A conclusão óbvia a que podemos chegar é que ele não morreria por aquelas pessoas, uma vez que não eram suas ovelhas, pois disse que morreria pelas suas ovelhas. Essa afirmação de Jesus limita o alcance da expiação. Ele morreu pelo seu povo, pelas suas ovelhas.
Em outras passagens, Jesus deixou claro que morreria não por todos, mas por muitos: “O Filho do Homem, não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mt 20.28). A mesma linguagem pode ser encontrada em Hebreus 9.28: “... Cristo, tendo se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação”.
João 17 transcreve a oração que Jesus fez pouco antes de morrer. Nessa oração ele fez questão de orar por seus discípulos: “Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra” (Jo 17.6). Em seguida, Jesus delimita o escopo de sua oração: “É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus” (Jo 17.9). Por que Jesus não orou pelo mundo, mas apenas pelos seus discípulos? Se ele daria sua vida em resgate por todas as pessoas do mundo, deveria orar por elas também! Mas ele orou apenas pelos crentes (do passado e do futuro: Jo 17.20). Sua obra de intercessão depende de sua obra de expiação, pois é só através de sua morte que pode conceder benefícios aos homens. Se ele não orou pelas demais pessoas do mundo é porque não morreria por elas.
Algumas passagens bíblicas são apontadas para mostrar que Cristo morreu por todos os homens. A mais famosa é João 3.16: “... Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Ver Jo 1.29; 6.33, 51; Rm 11.12; 2Co 5.19; 1Jo 2.2). A expressão “mundo” se refere a cada pessoa sem exceção? Se conseguíssemos provar que tenha existido pelo menos uma pessoa que Deus não tenha amado, então, não teríamos razão para crer que “mundo” em João 3.16, ou mesmo noutras passagens, diga respeito a cada pessoa sem exceção. O fato é que encontramos tal pessoa: Esaú. Dele, em contraste com seu irmão Jacó, a Bíblia diz: “Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú” (Rm 9.13). Literalmente, o texto diz que Deus amou Jacó, mas não amou Esaú (a palavra “aborreci” literalmente significa “odiei”). Isso é suficiente para dizermos que quando a Bíblia diz que Deus amou o mundo, não está se referindo a cada pessoa sem exceção, pois Esaú, pelo menos, está fora desse amor. Dizer que Deus ama o mundo equivale a afirmar que ele ama genericamente toda a sua criação. Ele mandou seu Filho a fim de criar um novo mundo, mas nem todas as pessoas deste mundo serão renovadas.
Existem outras passagens que dizem que Cristo morreu por todos os homens (Rm 5.18, 1Co 15.22, 2Co 5.14, 1Tm 2.6, Tt 2.11, Hb 2.9). O que se pode dizer de todas essas passagens é que não podemos interpretar a expressão “todos os homens” como se referindo a todos os homens sem nenhuma exceção. Se fizéssemos isso estaríamos afirmando que todos os homens serão salvos. Por causa disso, necessariamente a expressão “todos” desses textos se refere a todos os salvos, ou mesmo, a todas as classes de homens. Em Romanos 5.18 e 1Coríntios 15.22 a expressão “todos” inclui somente os que estão em Cristo em contraste com os que estão em Adão. Em 2Coríntios 5.14 e Hebreus 2.9 o mesmo deve ser dito, caso contrário todos os homens acabarão sendo salvos. A passagem de Tito 2.11 refere-se a todas as classes de homens, mas não a cada homem sem exceção. Por fim, 1Timóteo 2.6 fala sobre a inclusão tanto de judeus quanto de gentios na salvação.
O texto que parece afirmar de forma mais clara que a morte de Cristo foi pelo mundo inteiro é 1João 2.2: “... ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro”. O argumento em favor da expiação limitada entende a expressão “mundo” nesse texto como uma descrição generalizada, querendo apontar para um grupo especial, o grupo dos salvos do mundo inteiro. Não significa cada pessoa do mundo sem exceção, pois caso contrário, essa propiciação evidentemente salvaria todas as pessoas. É preciso lembrar que propiciação significa “apaziguar a ira de Deus”. Se Jesus apaziguou a ira de Deus para cada pessoa do mundo, então, Deus não estaria mais irado com ninguém, e todos iriam para o céu.
Se Cristo de fato tivesse morrido por todos os homens sem exceção, então em muitos casos, seu sangue teria sido impotente, porque apesar de ter dado a vida por alguma pessoa, talvez aquela pessoa acabasse no Inferno. Quando Cristo morreu, pessoas já estavam no Inferno? Sim, todas as pessoas que morreram sem salvação antes de sua vinda. A questão é: Ele morreu por elas também? Parece ilógico dizer que sim, pois seria um desperdício de um sangue tão precioso. Teria Cristo morrido por Judas Iscariotes? A Bíblia chama Judas de “o filho da perdição” (Jo 17.12), e diz que tudo o que aconteceu através dele aconteceu segundo o que as próprias Escrituras haviam profetizado (Mt 26.24). De acordo com a Escritura, Judas não tinha chances de ser salvo, então, por que Jesus morreria por ele?A Escritura fala da obra de Cristo em termos definitivos em favor dos eleitos. Se ele morreu por todos os homens, então todos os homens precisariam de fato ser salvos. Só há duas opções, ou a redenção é limitada em seu alcance ou é limitada em seu poder. É preferível pensar que ela seja limitada no alcance, ou seja, que não foi posta para alcançar todos os homens. Ela não é limitada em poder, pois pode salvar completamente todos aqueles a quem foi destinada.
O Rev. Leandro Antônio de Lima é membro do Conselho Editorial do BP.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Bíblia de Estudo de Genebra - Editora Cultura Cristã


Biblia de GenebraQuatro séculos atrás, as notas da Bíblia de Genebra fizeram a erudição dos mestres da Escritura servir à causa de Deus, da verdade e da piedade, com toda a profundidade alcançada pela Teologia da Reforma.
A Bíblia de Estudo de Genebra, como já fez antes, inicia uma revolução espiritual com textos que explicam de modo coerente e inteligível o sentido das Escrituras para o crente dos nossos dias.

Prosseguindo com o propósito da Bíblia de Genebra, publicada em 1560, a nova Bíblia de Estudo de Genebra contém uma reafirmação moderna da verdade da Reforma em seus comentários e notas teológicas provenientes da colaboração de 50 eruditos da atualidade.

O principal recurso da Bíblia de Estudo de Genebra é a sua fidelidade ao texto bíblico. E também:
  • 17 Mapas Coloridos
    Das principais regiões de interesse para o estudo da Palavra de Deus. 
  • 61 Mapas Ilustrativos
    Próximos ao texto que se refere à área descrita, facilitam o entendimento das passagens bíblicas e ajudam no preparo de lições e mensagens. 
  • Concordância Bíblica
    Com 3.838 verbetes, (134 páginas) a mais abrangente concordância para Bíblias de estudo existente em português. 
  • Introduções aos Livros da Bíblia
    Informações úteis sobre a autoria, data e ocasião, dificuldades interpretativas, características e temas. Tudo para se compreender o Livro em seu contexto e seu sentido original. 
  • 19.403 Notas de Estudo
    Preparadas por 50 eruditos com explicações do sentido do texto bíblico para aplicação em sua vida. 
  • Índice Para Anotações
    Com fácil localização de temas e comentários. 
  • Introduções às Seções
    As grandes divisões da Bíblia são explicadas para enriquecer a pesquisa, com dados sobre autoria, data, composição, tema, etc. 
  • 96 Notas Teológicas
    Sobre temas bíblicos e doutrinários principais, profundas, mas em linguagem simples e clara. 
  • 47 Gráficos Explicativos
    Famílias, cronologias, eventos, dados comparados, ilustrações, tabelas, etc., excelentes para reprodução em transparências ou cartazes.

As notas teológicas que acompanham o texto bíblico abarcam temas de suma importância, como:
  • milagres
  • pecado original e depravação total
  • auto-existência de Deus
  • sincretismo e idolatria
  • anjos
  • predestinação e pré-conhecimento
  • casamento e divórcio
  • juízo final
  • pecado imperdoável
  • inferno
  • redenção limitada
  • eleição e reprovação
  • ressurreição e glorificação
  • morte e estado intermediário
  • segunda vinda de Jesus
  • fé e obras
  • céu, etc.

Texto da Edição Revista e Atualizada de João Ferreira de Almeida.

NÃO DESPREZE SUA ALMA


O que rejeita a disciplina menospreza a sua alma, porém o que atende à repreensão adquire entendimento (Pv 15.32).
A palavra "disciplina" tem uma conotação negativa na língua portuguesa. Traz a ideia de castigo. No entanto, o seu significado original não é esse. Ao contrário, disciplina significa ter alguém ao nosso lado como nosso encorajador. A disciplina tem o propósito de corrigir nossas atitudes e nossa rota e colocar-nos de volta no caminho da verdade. A disciplina pode até ser motivo de tristeza no momento em que está sendo aplicada. Nem sempre queremos mudar de atitude ou de direção. Mas quem rejeita a disciplina menospreza a sua alma e faz pouco caso de si mesmo. Quem não escuta conselho sofre as consequências de suas escolhas apressadas. Mas o fruto da disciplina traz paz e amadurecimento espiritual. Quem atende à repreensão adquire entendimento. Quem escuta a advertência investe em sua própria alma. Quem aceita a correção fica mais sábio. O propósito da disciplina não é nos destruir, mas nos purificar. O fogo da disciplina só queima as escórias e as amarras que nos prendem. A disciplina não nos enfraquece, mas tonifica nossa musculatura espiritual. Ela nos torna mais fortes, mais santos, mais sábios, mais prontos a viver a vida para a glória de Deus.
Gotas de Sabedoria para a Alma – LPC Publicações – Digitado por: Rev. Zé Francisco.

COMO NÃO DEVEMOS EVANGELIZAR


O grande obstáculo do evangelho é o silêncio. Por nos mantermos calados, esperando que nossa vida cristã testemunhe por si mesma, falhamos em cumprir o mandamento do Senhor. O mandamento “ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” significa sair e anunciar a Palavra de Deus.
Quando nos aproximamos de um pecador, temos de falar-lhe sobre o que Cristo fez e sobre o simples mandamento de crer e descansar. Utilizar expressões como “aceite a Jesus no coração” e “entregue sua vida a Jesus” é muito semelhante ao que os católicos romanos ouvem em sua religião; e, às vezes, eles ouvem exatamente essas palavras. Essas mensagens têm de ser deixadas de lado completamente, se temos de evangelizá-los. Portanto, é necessário discutir algumas destas maneiras erradas de evangelizar que causam prejuízo ao verdadeiro evangelho.
O conceito bíblico da salvação é que, por meio da graça, o crente é aceito em Cristo. Todo o ensino de Efésios 1 se resume nas palavras do versículo 6: “Para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado”. A frase “aceite a Jesus” segue em direção contrária ao ensino das Escrituras. Ela pressupõe que a salvação se encontra no poder do coração humano.
“Dê a Jesus o controle de sua vida, para que você seja salvo”. Este ensino é um erro porque o soberano Deus do universo controla a sua criação. Deus é Aquele que “faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1.11). Uma pessoa é salva exclusivamente pela graça de Deus, por meio da fé em Cristo — (Ef 2.8-9).
 “Dê a sua vida a Jesus, para que seja salvo” — este é um ensino errado por várias razões. Primeiramente, a vida eterna é um dom gratuito (Ef 2.8-9, Rm 5.15-18, 6.23). Uma pessoa não dá nada em troca de um dom gratuito. Deus outorga este dom gratuito quando coloca a pessoa em Cristo Jesus. Juntamente com o dom da salvação, Deus outorga o dom da fé, para que a pessoa creia que isto é o que Ele realmente fez (Jo 5.24-25). Frases como “entregue sua vida a Jesus” pressupõem, erroneamente, que a pessoa tem algo digno para oferecer a Deus. Pessoas espiritualmente mortas não podem oferecer qualquer coisa que as salvará de seus pecados. Visto que o homem está morto em pecados, Jesus Cristo deu a sua vida em favor dos pecados do seu povo (Gl 1.4).
O ato de vir a Cristo é iniciado pelo Pai, que atrai cada pessoa a Cristo (Jo 6.37). A salvação é realizada exclusivamente pela graça de Deus; é um dom gratuito de Deus, por meio da fé (Ef 2.8-9). Vir a Cristo significa ter a vida eterna agora mesmo; e esta vida será plenamente glorificada no céu. Na evangelização, falar sobre “ir para o céu” altera a ênfase do assunto, ao deixar de ressaltar aquilo que Deus é e destacar as realizações do homem; também erra por não deixar claro que, por meio da fé preciosa, a qual possuímos como crentes, já temos a vida eterna. Em vez de falarem sobre alcançar o céu, os que já são salvos devem proclamar aos perdidos: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17.3).