segunda-feira, 28 de abril de 2014

PREGAÇÃO EM ATOS 2.4 - O DOM DO ESPÍRITO: UM ATO SOBERANO DE DEUS

INTRODUÇÃO
É bastante peculiar a preocupação de R. C. Sproul em seu livro “O Mistério do Espírito Santo” quando afirma que as inferências neopentecostais, põe em perigo o pleno sentido do Pentecoste na história eclesiástica.
A doutrina do Espírito, mas especificamente, a que diz respeito ao dom do Espirito ou batismo no Espirito Santo, como é mais conhecida, têm sofrido distorcões e causado muitas divergências entre os grupos evangélicos por falta de conhecimento desta doutrina. Muitos, sem fazer sequer um estudo textual do livro de Atos, afirmam que o dom é uma segunda bêncão que evidencia o batismo no Espírito e deve ser buscada, pois Deus só concede àqueles que se santificam e o buscam. Porém, não é esta verdade que encontramos no texto de At 2.4.
Algumas questões precisam ser levantada: será que Deus é individualista e faz acepção de pessoas para dar o “dom”? Será que depende do homem para receber, ou é somente de Deus? Será que Deus não tinha um propósito com a descida do Espírito santo sobre todos os discípulos? Por último, Será que este dom é para servir de espetáculo e provocar orgulho naqueles que recebe?
Elucidação
O livro de Atos dos Apóstolos foi escrito pelo mesmo autor do Evangelho de Lucas para continuar a história que Jesus começou a fazer e ensinar (At 1.1). Embora muitos defendam que o título do livro deveria ser “os Atos do Espírito Santo”, a verdade é que ele continua o ministério por meio de homens escolhidos por Jesus para esse fim. O tema central continua sendo a Cristologia. Sendo que agora o Espírito coopera e sem Ele não nada seria feito, pois Ele é Deus e sempre esteve presente em toda a história da Igreja peregrina.
A manifestação do Espírito na história da igreja, especialmente em Atos, cumpre um propósito divino para a comunicação de sua Verdade a todos os povos (inclusive os gentios) e com isso manter um relacionamento de Pai e filho. Pedro indica para os zombadores que aquilo que eles acabavam de ver e ouvir era o cumprimento da promessa de Deus, no profeta Joel, no sentido de derramar Seu Espírito sobre toda carne (2.17), e todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo (v. 21). Joel, como Lucas (e Pedro), acha que a razão de ser do grande evento escatológico no espírito não é tanto o derramamento do espírito como tal quanto a promessa universal da salvação em prol da qual o Espírito é derramado.
Lucas mostra a importância da descida dizendo que quando o Espírito desceu (do céu) sobre aqueles que aguardavam a promessa de Jesus (At 1.4, 8), eles não somente passaram a falar a mensagem inspirados pelo Espírito, de acordo com a vontade do Espírito, para cumprir o propósito de unir os povos, como também ele nos informa que aqueles que ouviam eram despertados pelo Espírito e se convertiam. Porém, ele deixa bem claro que tudo dependia de Deus. Os que receberam o dom do Espírito, nada fizeram para receber. Todos estavam numa posição estática. Considerado o exposto, desejamos meditar no seguinte tema:
Tema: O DOM DO ESPÍRITO: UM ATO SOBERANO DE DEUS
1. É PARA TODOS OS ELEITOS
Deus não faz acepção de pessoas. Todos, que estão em Cristo, já foram feitos filhos de Deus, e consequentemente, são de fato tratados de igual modo, por um Deus soberano, amoroso e justo. É lamentável ver e ouvir pessoas tratando de Deus como se ele fosse humano. A palavra de Deus diz que ele não é como o homem. Ele age de conformidade com o seu conselho santo.
Fundamentado nesta verdade da soberania de Deus, cremos que todos os eleitos, são batizados no Espírito Santo, ou seja, todos recebem do mesmo Espírito, pois a promessa é para nós e nossos filhos. Paulo diz que aquele que não tem o Espírito, esse tal não é dele (Rm 8.9), e o Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus (v. 16). Como, pois dizem alguns que o crente precisa buscar o dom do Espírito para autenticar a fé? Certamente, estes não conhecem o Deus Soberano que elege o seu povo.
Portanto, não adianta querermos mudar esta verdade, pois tudo depende de um ato soberano de Deus para “todos” os eleitos. O homem é totalmente inoperante nesta ação exclusiva de Deus. Ele apenas recebe como dádiva.
2. CUMPRE UM PROPÓSITO DIVINO
Tudo que Deus fez e faz tem um propósito definido no conselho eterno. Nada, absolutamente nada, acontece por acaso. Por isso, podemos afirmar que “o dom do Espírito” veio sobre a igreja para cumprir um mandato missionário determinando a forma de comunicação para a pregação do Evangelho, e assim alcançar todas as nações.
É interessante observarmos que todos aqueles que verdadeiramente são despertados pelo Espírito Santo, imediatamente se manifestam convictos da verdade, e, logo, passam a anunciar esta verdade, de acordo com o propósito divino. Eles são convencidos de que não podem se calar, pois, antes importa agradar a Deus do que aos homens (At 4.19).
O dom recebido tem esse propósito definido por Deus. Não é o homem quem determina o que fazer com o dom do Espírito Santo, pois ele é de Deus e só servirá a vontade de Dele. Todo crente deve ter essa consciência de serviço a Deus. O dom não autentica nem exalta aquele que recebe, “porque Deus é quem efetua em nós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2.13).
Portanto, A única coisa sábia que devemos fazer é obedecer à voz de Deus. O resto é Ele quem faz para cumprir todo o seu propósito.
3. ALCANÇA O RESULTADO DESEJADO
Se “todos” os eleitos recebem o dom, se Deus “cumpre” o seu propósito, certamente Ele também objetiva um resultado. Aqueles que recebem o dom do Espírito não ficarão inertes, nem permanecerão estáticos após receberem o dom, pois Deus fará com que ele pregue a mensagem para alcançar aqueles que foram destinados para a salvação.
O ensino calvinista é que o Espírito de Deus, através do ministério da Palavra, chama irresistivelmente o eleito, regenerando-o e assim habilitando-o a responder positivamente em fé à oferta das boas novas do Evangelho. Essa chamada é irresistível, embora não se constitua uma violação da vontade do pecador.
Um dom que serve apenas aos caprichos soberbos do homem, não pode ser caracterizado como um dom espiritual vindo da parte de Deus, pois os dons de Deus são para o uso exclusivo na expansão das boas novas de salvação, a fim de que todos em todo o mundo conheçam a graça soberana de Deus. Uns responderão positivamente, para a vida; outros porém, responderão negativamente para a morte. O que fica claro é que o “dom do Espírito” alcança o objetivo santo de Deus. É sempre independente da vontade humana porque é Deus que decide, aliás, Ele já decidiu no conselho eterno.
Portanto, estamos persuadidos, e aqui reafirmamos que Deus não faz nada que possa ser frustrado porque ele tem tudo planejado na eternidade e fará cumprir para que seja alcançado o seu desejo.
CONCLUSÃO
Gostaria de concluir esse pequeno comentário citando um texto de John R. Stott: “Em cada tipo de batismo... há quatro elementos. Os dois primeiros são o sujeito e objeto, ou Seja, o batizador e o batizado. Em terceiro lugar, há o elemento com ou em (en) que o batismo é realizado, e, em quarto lugar, o propósito”. Nesse caso, o Espírito Santo é o Sujeito que batiza, os eleitos, é o objeto que recebe o batismo (ou dom), e o propósito é a formação da nova igreja universal.
Antony Hoekema diz: “ser batizado com o Espírito é descrito como idêntico à regeneração – com o soberano ato de Deus pelo qual somos feitos um com Cristo e incorporado no seu corpo”. Você não precisa buscar um “batismo do Espírito Santo como uma experiência pós-conversão, como diz Paulo aos Coríntios e serve pra nós; quem está em Cristo, já foi batizado com ou no Espírito”! e, “o fato de que todos sejam batizados com o Espírito não significa que já estejam sempre entregues plenamente ao Espírito ou cheios do Espírito”.

Ipanguaçu/RN, 27 de Abril de 2014 – Pr, José Francisco.

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