segunda-feira, 7 de abril de 2014

ATIVIDADE CRIADORA DE DEUS NO RELACIONAMENTO (4)


QUESTÃO PRÁTICA
Aqui entramos em uma questão prática. Como não violar esta ordem estabelecida por Deus quando a mulher tem alguma coisa a perguntar ou deseja aprender mais daquilo que o pastor pregou? Bem, para isso ela deve, segundo Paulo, perguntar ao marido em casa:
Se, porém, querem aprender alguma coisa, interroguem, em casa, a seu próprio marido; porque para a mulher é vergonhoso falar na igreja” (1 Co 14:35).
Isso também vai edificar o marido. Edificar no sentido de que ele tem de se preparar e ficar apto para responder e ensinar à esposa. Mas isso não impede a mulher de procurar um presbítero ou algum oficial da igreja para tirar sua dúvida e aprender melhor sobre determinado assunto, visto que nem todos os esposos têm a capacidade para isso. O presbítero tem esta autoridade porque a Bíblia afirma que ele deve ser apto para o ensino. Isso vai impedir que alguém levante a mão e fale: “Quero só fazer uma pergunta”. Será que isso significa simplesmente fazer uma pergunta ou significa ter o direito de usar o tempo para debater e ensinar alguma coisa, ou expor sua posição ou ainda confrontar aquele que ensina?
Charles Hodge comentando este versículo diz:
“Não podemos reprimir o desejo que a mulher tem de aprender, nem devemos negar-lhe ajuda quanto à sua melhor instrução... Podem perguntar tanto quanto desejem sem, contudo, fazê-lo em público, porque para a mulher é vergonhoso falar na igreja. A palavra usada significa no grego algo que é feio, deformado”.
Paulo está aqui preocupado com a ordem externa do culto, mas especialmente com a imagem da mulher diante da congregação; que ela não aja de forma indecorosa; que não seja vista com desonra;
que sua piedade seja preservada. Há uma versão em espanhol que diz assim: “porque desonesta coisa é falar uma mulher na congregação”.

PROFETIZAR — Você poderia perguntar: Se Paulo diz em 1 Co 11:5 que uma mulher podia profetizar na igreja naquela época, por que ela não pode pregar hoje?
I) Bem, poderíamos simplificar aqui dizendo que naquela época havia profetizas que recebiam revelações e podiam profetizar na Igreja. Mas hoje não temos mais na igreja os dons revelacionais. Sendo assim, reivindicar o direito da mulher falar na igreja tomando como base este fato, não procede, porque as revelações cessaram.
II) Mas alguém respondeu assim:
“Nos comentários de Calvino ele vê dois problemas em Corinto. O primeiro era a questão do véu e o segundo era o problema das mulheres falarem publicamente na igreja. O tratamento de Calvino é: No capítulo 11 ele trata do problema do véu e no capítulo 14 ele lida com a questão da mulher falar em público no culto. Isso levanta a pergunta: Por que no capítulo 11 Paulo fala de mulheres orando e profetizando? A resposta é a seguinte: Paulo lidou com estes problemas um de cada vez. Paulo não misturou os dois problemas. Primeiro lidou com o problema do véu e depois ele tratou do falar das mulheres. Quando chega ao capítulo 14, Paulo deixa bem claro que é impróprio para a mulher falar em público”.
III) Alguns explicam este ponto dizendo que profetizar, no contexto de receber revelação, e repassar para o povo é algo passivo e não necessariamente significa usar de autoridade. Mesmo assim (como dissemos anteriormente), como não existe mais profetismo em nossa época, isso fica descartado. Mas creio que esta explicação fica a dever quanto à questão de a mulher orar em público ou mesmo de profetizar, porque o texto diz que a mulher podia profetizar e orar na igreja, contanto que tivesse a cabeça coberta (2). 
Como resolver a questão:
1) O mais coerente é afirmar que Paulo em 1 Co 11:5 está ditando uma orientação específica com respeito à uma das irregularidade que ocorria na igreja de Corinto, dentre tantas outras: a mulher não estava manifestando submissão e consideração por seu esposo, quando ela não cobria a cabeça, diz Calvino.
2) Outro fato importante é que o texto de 1 Co 14:34-35, explica o texto de 1 Co 11:5. Esta é uma regra de interpretação sadia. O texto claro explica o obscuro.
3) Mas há ainda outro dado importante. Paulo diz que isso era comum a “todas as igrejas dos santos” e assim nos mostra um fato histórico importante. Por que este fato histórico é importante? Porque quando consideramos o Princípio Regulador do Culto, não só devemos fazer aquilo que (1) a Bíblia ordena explicitamente, mas também o que (2) podemos inferir exegeticamente do texto e (3) se há algum exemplo histórico bíblico que nos autorize a permitir determinada coisa no culto. Neste caso vemos que o dado histórico é que em todas as Igrejas do Novo Testamento as mulheres se conservavam caladas (v. 33-34); e não temos nenhum exemplo histórico na Bíblia que autorize a permitir a mulher orar e falar em público quando se trata do contexto da igreja e seu papel na congregação e suas extensões.(3) Não vemos isso no Velho Testamento e nem no Novo Testamento. Até na Sinagoga judaica somente os homens tinham permissão de orar ou ensinar e esta prática continuou na Igreja posteriormente.
Há quem diga de forma mais simplista que Paulo proíbe porque seria apenas sua opinião pessoal. Mas Paulo proíbe porque tem razões divinas para isso: a) quebra a ordem da criação; b) quebra o princípio da liderança no lar e na igreja.
Muitos pensam que tudo isso é ideia da cabeça de Paulo. Será?

De quem foi a ideia?
Vamos voltar para 1 Co 14. Veja como o apóstolo Paulo chega ao ponto crucial da sua explicação. Vejamos o v. 36: “Porventura a palavra de Deus se originou no meio de vós, ou veio ela exclusivamente para vós outros?”. Ou seja: “Foram vocês que deram origem a esta palavra?”.
Para mim é uma frase bastante irônica. É como se Paulo também perguntasse: (1) “Será que foram vocês que escreveram Bíblia, ou (2) será que a Palavra de Deus foi dada só para vocês?”. “Será que só vocês sabem o que é uma ordem de culto e nós não sabemos?”. Paulo está fazendo esta pergunta penetrante porque está certo de que eles conhecem qual a resposta correta.
A resposta de Paulo está na sua conclusão no versículo 37: “Se alguém se considera profeta, ou espiritual, reconheça ser mandamento do Senhor o que vos escrevo”. Ele está se referindo aos profetas da época, aos que falam línguas e às mulheres, dizendo: “Como vocês devem receber o que eu escrevi?”. Resposta: Como mandamento do Senhor! Então, ele destaca que o que ele acaba de falar é mandamento do Senhor e ele é seu porta-voz. Paulo escreve Bíblia!

CONCLUSÃO
IO que isso não proíbe às mulheres? Olhemos para Tito 2:1-5. Ali Paulo afirma que as mulheres mais velhas devem ensinar às mulheres mais novas como se portarem com seus maridos e seus filhos, a serem sensatas honestas, boas donas de casa, submissas aos seus maridos, bondosas e assim a Palavra de Deus não será difamada. Além disso a Bíblia também não proíbe as mulheres de testemunharem informalmente da ressurreição de Cristo como foi o caso de Maria Madalena ou de compartilharem sua fé em Cristo, mesmo com os homens, como ocorreu com Priscila e Apolo.
Vejamos estes dois exemplos:
a) Mateus 28:7,9,10. Pense nas últimas palavras de Jesus para as mulheres. “Ide avisar a meus irmãos que se dirijam à Galiléia, e lá me verão”.
b) A Bíblia não proíbe a mulher de, junto com o marido ou um presbítero e de forma reservada, falar com algum homem que está precisando de ajuda doutrinária. É a forma de ajudar às pessoas a crescerem. Portanto, aqui podemos tirar a lição de que Paulo permite um ajuntamento mais particular de homens e mulheres juntos para ajudar uma pessoa a crescer na fé. Isso aconteceu com Áquila e Priscila em Atos (At 18: 24-26): 
“24.Nesse meio tempo, chegou a Éfeso um judeu, natural de Alexandria, chamado Apolo, homem eloquente e poderoso nas Escrituras. 25. Era ele instruído no caminho do Senhor; e, sendo fervoroso de espírito, falava e ensinava com precisão a respeito de Jesus, conhecendo apenas o batismo de João. 26. Ele, pois, começou a falar ousadamente na sinagoga. Ouvindo-o, porém, Priscila e Áquila, tomaram-no consigo (‘o levaram consigo’ – Revista e Corrigida) e, com mais exatidão, lhe expuseram o caminho de Deus”.
II) Mas o texto não proíbe as mulheres de ensinarem às crianças (2 Tm 3:14-15; 2 Tm 1:5). Portanto, a mulher pode e deve desenvolver um ministério amplo na área do ensino na igreja.
Lembremos que o ensino de Paulo, entretanto, para a Igreja é a seguinte:
“E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade sobre o homem”.

Uma pergunta prática.
A mulher pode ser convidada a ir à frente para conduzir toda a congregação a Deus em oração? Temos de lembrar que Paulo proíbe não só o ensinar, mas como o exercer autoridade. Quando alguém lê as Escrituras, como o pastor, por exemplo, nós temos uma pessoa que é uma autoridade sobre nós (4). O mesmo se deduz em relação à oração pública. Quando alguém nos conduz em oração, esta pessoa também está exercendo autoridade. Então, de acordo com a Palavra, o ler as Escrituras ou orar sobre a congregação, isso significa autoridade e, como tal, não é permitido à mulher.*

Notas:
2. É importante sabermos que aquele que falava em línguas e aquele que profetizava, ambos estavam trazendo algum ensino para edificar a Igreja.
3. Escola Dominical, Seminário Teológico, Simpósios, Congressos, etc.
4. O Catecismo Maior de Westminster diz: Pergunta 156: A Palavra de Deus deve ser lida por todos?
Resposta: Embora não seja permitido a todos lerem a Palavra em público para a congregação, as pessoas de todas as categorias têm, contudo, a obrigação de a ler em particular para si mesmos e com as suas famílias; finalidade pela qual as Sagradas Escrituras devem ser traduzidas das línguas originais para as línguas vernáculas.

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