O
que é um sermão? “Sermão é uma exposição didática da Palavra de Deus”. O sermão
é mais que uma aula, mas não pode dispensar a didática porque é uma exposição
da Palavra, e essa exposição precisa ser a mais compreensível possível, uma vez
que o ouvinte não tem como ler o texto do pregador.
1)
PRINCÍPIOS DE HERMENÊUTICA
Antes de tudo,
quem se dispõe a pregar a Palavra de Deus tem que buscar a correta
interpretação da mesma, a fim de ter o conteúdo para pregar. Essa habilidade de
entender e interpretar corretamente a Bíblia é a tarefa da hermenêutica e da
exegese. Essas duas “ciências” oferecem ferramentas para chegarmos à correta
interpretação da Palavra, fugindo dessa forma da pregação de heresias.
Definimos
hermenêutica como sendo a ciência e a arte que estuda a interpretação da
Bíblia. Etimologicamente, esta palavra vem do grego “hermeneuo” que significa
explicar, traduzir, interpretar. (aprece em textos como: Jo 1.42; 9.7; Hb 7.2 e
Lc 24.27). O estudo da hermenêutica é importante porque cada pessoa pode ter um
ponto de vista diferente ao interpretar um texto bíblico. Esse ponto de vista é
influenciado pelo contexto em que vive o leitor, suas experiências,
necessidades, carências, etc, e isso força-nos a ter a preocupação de tentar
entender o texto por si mesmo, ou seja, independentemente de nossas
experiências pessoais.
Como a Bíblia tem diversos tipos de
literatura, é preciso entender como interpretar cada uma delas. Um texto poético
(Salmos, provérbios), é muito diferente de um texto histórico (1Samuel, por
exemplo). O texto histórico inclui muito mais detalhes contextuais.
1º. PRINCÍPIOS DA AUTORIDADE
INTERNA
Considerar,
antes de tudo, que cada texto bíblico, apesar de ter mais de uma aplicação, tem
um só significado – deve-se buscar o sentido real do texto e aplicá-lo. O AT
produziu o NT e o NT está contido no AT. Não é a Igreja que autentica a Palavra
por sua interpretação; é a Bíblia que se autentica a si mesma como Palavra autoritativa
de Deus.[1]
2º. PRINCÍPIOS DO CONTEXTO
Considerar
a parte que vem antes e depois de cada texto a ser pregado. Não se interpreta
um texto sem se verificar o seu contexto imediato, pois este ajudará a
compreender o significado do texto. Ex: Sl 51 com 2Sm 12.1-15 (ver o cabeçalho em português e as
referencias nas notas de rodapés).
3º. PRINCÍPIOS DO TEXTO PARALELO
A
Bíblia interpreta a si mesma (1Co 2.13). Quando um acontecimento é descrito por
mais de um autor, esse texto deve ser auxiliado na sua interpretação utilizando
o mesmo assunto que ocorre em outras partes das Escrituras Sagradas. Ex:
Evangelho com Evangelho (Mt 14.13-21; veja as informações dos escritores: Jesus
pergunta para os discípulos o que eles tinham em mãos, e eles afirmam que só tinham
cinco Paes e dois peixes Mt 14.17; Lucas informa que eles foram para a região
de Betsaida Lc 9.10; Marcos diz que precisavam ter duzentos denários (um
salário por um dia de trabalho) para comprar alimento para aquela gente Mc 6.37,
e João informa que os cinco Paes e dois
peixes nem eram dos discípulos, mas de um rapaz que estava no meio da multidão Jo
6.9. São muitas informações complementares, mas não estão todas em um só texto.
Isso se aplica a toda a Bíblia.
4º.
PRINCÍPIOS DA AUTORIA DO TEXTO
Os
diferentes autores viveram em tempos, culturas, situações sociais e regiões
diferentes. Deve-se procurar conhecer o contexto do autor para se compreender
melhor o texto escrito.
(veja
1Pe 1.1 foi escrito para forasteiros da dispersão – crentes fora de Jerusalém).
5º.
PRINCÍPIOS DA INTERPRETACAO DO TEXO
A
interpretação do texto é aquilo que texto quer dizer no tempo, no espaço e nas
circunstancias que foram escritas, no estilo em que foi escrita. Alguns tem
sentido literal, outros tem significado simbólico. (Ex: Jo 2.19 – Os fariseus
não entenderam).
A
hermenêutica tem o papel de nos aproximar do texto e do seu sentido e
significado correto, fortalece a nossa convicção na revelação que Deus fez na
sua Palavra, enaltece a Soberania de Deus que preservou a escrita até hoje, nos
coloca na linha da história da igreja, traz equilibro entre o conteúdo
(revelação) e comportamento (ética, exigência de Deus), ajuda na determinação
do que é permanente e do que é temporário, evita o desvio e mantém a unidade da
revelação.
2) EXEGESE
A palavra
exegese é uma transliteração do grego e significa “narração, exposição”. É formada por duas palavras gregas: a 1ª
significa “fora de” e a 2ª significa “conduzir, guiar, liderar”. O sentido,
então, é “tirar”, “trazer para fora”, “expor”, e aplicando ao texto bíblico,
significa “extrair a mensagem do texto”. Ou seja, trazer à luz a mensagem da
parte de Deus conforme registrada nas Escrituras.
A seguir apresentamos oito dicas para uma boa interpretação:
1.
DEFINA BEM O TEXTO
2.
COMPARE DIVERSAS TRADUÇÕES DA BÍBLIA;
3.
ANALISE O CONTEXTO DO TEXTO;
4.
ANALISE A GRAMÁTICA DO TEXTO;
5.
DEFINA O TIPO DE LITERATURA;
6.
PESQUISE O CONTEXTO HITÓRICO-GEOGRÁFICO;
7.
IDENTIFIQUE O TEMA PRINCIPAL;
8.
FINALMENTE, PESQUISE EM COMENTÁRIOS
BÍBLICOS;
Pr. José Francisco. - Bacharel em teologia pelo STNe.
[1]
Na afirmação de João Calvino, a Igreja nasce da Palavra, e é justamente pela
fidelidade à Palavra que a igreja de Cristo é reconhecida (As Institutas, I. 7.
1-2).
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