quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O PROPÓSITO DAS LÍNGUAS


O Propósito Errado

É comumente crido que as línguas servem para o propósito de auto-edificação. As línguas, muitos pensam, edificam aquele que fala com elas; e assim, este é o propósito delas.
Contudo, a ideia de que as línguas são para edificação própria é completamente infundada; ela é precisamente contrária a tudo o que Paulo estava construindo através dos capítulos 12 a 14 de 1 Coríntios. O apóstolo enfatizou grandemente que os dons espirituais são para a edificação de outros. Ele diz em 1 Coríntios 12:7 que os dons são “para o bem comum”. O cântico do amor de Paulo em 1 Coríntios 13 é tão linda, em si e de si mesmo, que muitos perderam seu ponto exato: ele está mostrando que os dos devem ser exercitados em amor, e se eles são exercitados em amor, eles devem ser exercitados para o benefício de outros, não próprio. “O amor não busca os seus próprios interesses” (verso 5) mas se foca nos outros. Exercitar um dom simplesmente para o benefício pessoal seria uma prostituição dele.
Esta é precisamente a carga do argumento de Paulo em 1 Coríntios 14. Os dons são para edificar os outros, a igreja, não a si próprio (veja os versos 3, 4, 5, 12, 17, 26). Seu argumento nos versos 1-3 é simplesmente que as línguas são inferiores porque elas não tendem à edificação como fazem as profecias.
O argumento frequentemente dado é que em 1 Coríntios 14:2 e 4 Paulo declara que a auto-edificação é o propósito das línguas: “Porque o que fala em língua não fala aos homens, mas a Deus; pois ninguém o entende; porque em espírito fala mistérios...O que fala em língua edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja”. Isto, contudo, é um completo mal-entendido do verso; de fato, isto é precisamente a reversão do seu significado pretendido. Sim, se um homem se levanta na igreja e fala em uma língua (sem intérprete), somente Deus o entende, assim ele não fala aos homens, somente a Deus, e somente a própria pessoa é edificada. Paulo não está comentando isto – ele está criticando isto. Ele diz, “isto é o que vocês estão fazendo, mas isto não é bom. Isto é ruim! É um uso impróprio de um dom. Você deveria antes “edificar a igreja”. Ele está simplesmente expressando a prática deles como um prelúdio de sua condenação dela; ele não está declarando o propósito das línguas. (Paulo usou este mesmo tipo de argumento anteriormente; veja 1 Coríntios 11:21) Isto não é dizer que um dom não pode edificar aquele que está exercitando-o. Um pregador ou professor está continuamente edificado pelo uso de seu dom, como toda outra pessoa pelo uso de seu próprio dom. Mas isto simplesmente significa que este não é o propósito de nenhum dom; os dons foram dados para capacitar os crentes a ministrar aos outros. Usá-los para qualquer outro propósito seria uma prostituição egoísta deles. Nenhum homem tem direito de usar seu dom para o mero propósito de autoedificação.
Além do mais, o fato de que as línguas foram dadas para ser um sinal para os incrédulos também exclui qualquer ideia de uso privado ou devocional do dom (isto será desenvolvido abaixo).
E mais, se as línguas foram designadas para edificar, a igreja em Corinto certamente teria sido uma igreja diferente. Nenhuma igreja no Novo Testamento falou em línguas mais do que a igreja em Corinto; todavia, nenhuma igreja no Novo Testamento era mais carnal. Claramente, as línguas não edificaram os Coríntios.

Os Propósitos Declarados

O Novo Testamento é claro em seu ensino que os dons espirituais são para o propósito de edificar a igreja. As línguas não têm este efeito: quando elas eram traduzidas, elas tinham a função equivalente à da profecia. Que as línguas eram então edificantes para a igreja (quando propriamente usadas) não pode ser questionado. Contudo, no caso das línguas, a edificação era somente secundária; elas tinham um propósito maior.
Após exortar os crentes de Corinto para terem um pensamento mais maduro sobre o dom, Paulo cita Isaías 28:11-12 para estabelecer o propósito das línguas: “Está escrito na lei: Por homens de outras línguas e por lábios de estrangeiros falarei a este povo; e nem assim me ouvirão, diz o Senhor. De modo que as línguas são um sinal, não para os crentes, mas para os incrédulos; a profecia, porém, não é sinal para os incrédulos, mas para os crentes” (1 Coríntios 14:21-22). Este é o propósito declarado e pretendido das línguas: elas são para um sinal, um sinal para os incrédulos.
Este é, então, o porque as línguas têm tão pequeno propósito na igreja: elas são para um sinal para os incrédulos. Seu propósito primário não era ministrar aos crentes, mas aos incrédulos – para despertar sua atenção ao evangelho e confirmar a credibilidade do Cristianismo em geral. Este é precisamente o propósito satisfeito com a ocorrência inicial do dom de línguas (Pentecoste, Atos 2).
Nem Paulo necessariamente implica nestes versos (1 Coríntios 14:21-22) que as línguas são para um sinal de julgamento ou um sinal para os Judeus somente, como é frequentemente ensinado. Ele meramente cita Isaías para traçar um princípio a partir dele, a saber, que as línguas servem como um sinal para os incrédulos. Jesus disse aos Judeus que eles não teriam outro sinal, exceto aquele da ressurreição (Mateus 16:4); e o próprio apóstolo Paulo já tinha dito aos Coríntios que os Judeus pediam mas não recebiam um sinal (1 Coríntios 1:22-23). Se este sinal era para os Judeus somente, Paulo certamente teria declarado isto amplamente na igreja Gentílica em Corinto; antes, ele meramente diz que as línguas eram sinal para os incrédulos, quer Judeu, quer Gentio. Isto é tudo que é requerido a partir desta declaração. As línguas eram um sinal para os incrédulos confirmando o evangelho e a nova mensagem Cristã.
Se o finalzinho de Marcos é genuíno ou mesmo historicamente correto, Jesus também declarou ser este o propósito das línguas; línguas são “sinais” (Marcos 16:17).
Embora este seja o declarado e assim, primário, propósito do dom de línguas, eles também serviam outro propósito: eles demonstravam o recebimento do Espírito Santo e a unidade no Corpo de Cristo. Agora, tenha cuidado! Isto não é dizer que as línguas são evidência de um Batismo do Espírito subsequente à salvação. Mas no livro de Atos, as línguas serviam para demonstrar o recebimento do Espírito, isto é, a salvação. Pela natureza disto, então, aqueles que falavam em línguas davam evidência de sua unidade no corpo de Cristo. Isto é precisamente o que aconteceu em Atos 2. Foi o dom de línguas dado para a casa de Cornélio que convenceu Pedro que os Gentios também tinham recebido o Espírito e assim se tornado parte da igreja também (Atos 11:15-58, se referindo aos eventos de Atos 10:44-48). O mesmo foi demonstrado em Atos 19 com os discípulos de João o Batista e também em Atos 8 com os Samaritanos, se realmente as línguas ocorreram ali. Crentes de todos os tipos – Judeus, Samaritanos e Gentios – receberam o mesmo dom e por isto deram evidência de sua unidade no mesmo corpo, o Corpo de Cristo.

Sumário

As línguas nunca foram pretendidas para o uso pessoal, devocional, nem pode ser encontrado qualquer verso das Escrituras que ensine tal coisa. Seria uma razão egoísta e injustificada para o exercício do dom. Os dons espirituais foram dados para edificar os outros. O dom de línguas, especificamente, foi dado como um sinal para estabelecer o evangelho e o movimento Cristão. Eles ainda serviram para demonstrar o recebimento do Espírito Santo (salvação) e assim a unidade de todos aqueles dentro da família da fé. (Do Livro Línguas estranhas entre nos Crentes)

(No próximo: As Regras “para falar línguas”? – Aguarde)
Pr. José Francisco – Igreja Presbiteriana do Brasil
IGREJA PRESBITERIANA DE IPANGUAÇU-RN
VIVENDO E CRESCENDO NO EVANGELHO

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