segunda-feira, 19 de novembro de 2012

LÍNGUAS ENTRE OS CRENTES - OBJEÇÕES (3)


Continuando nossa série de estudos sobre as “Línguas entre os crentes falaremos da objeções. Diante do que foi dito na postagem “2” afirma-se que o fato das línguas serem idiomas estrangeiros é evidente a partir das seguintes considerações.

AS OBJEÇÕES

Parece que as evidências dadas acima são insuperáveis. Contudo, aqueles que sustentam que as línguas eram um falar extático, apresentam os seguintes argumentos:
Objeção #1. No Pentecoste, quando os apóstolos falaram em línguas, eles foram acusados de estarem bêbados (Atos 2:13).
Este é um argumento comum e justo. Uma análise mais atenta da passagem, contudo, revela que havia dois grupos de pessoas presentes: 1) os estrangeiros que entendiam em seus próprios idiomas e estavam “todos maravilhados” com tão impressionante fenômeno (versos 9-12), e 2) os Judeus Palestinos que, em vista de os apóstolos estarem falando em idiomas estrangeiros, não podiam entender o que eles estavam falando. Estes Judeus Palestinos locais são descritos como “outros” (heteroi) no verso 13 em contraste com os estrangeiros listados nos versos 9-12. O verso 13 diz, então, que eram estes Judeus locais que estavam lançando a acusação de embriaguez. Os idiomas que estavam sendo falados eram claramente entendidos pelos estrangeiros, por isso eles não foram os que levantaram a acusação de embriaguez. Além do mais, como já mostrado, as línguas de Atos 2 foram especificamente chamadas “idiomas” [ou “línguas” em algumas versões] (dialektos) nos versos 6 e 8.
(Isto, a propósito, também mostra que o milagre de Pentecoste era de fala, não de audição, porque havia aqueles que não entenderam. Um milagre de audição teria sido experimentado pelos Judeus locais e estrangeiros igualmente.)
Objeção #2. Paulo fala de “línguas dos anjos” em 1 Coríntios 13:1, o que deve se referir à uma linguagem celestial desconhecida por qualquer ser humano.
O problema com este entendimento desta frase é que Paulo, em todo este cenário dos versos 1-3, está falando em termos hipotéticos. O “aindas” nestes versos estão no modo subjuntivo, o modo da irrealidade. Nestes versos Paulo está falando de coisas que claramente não aconteceram, tais como dar seu corpo para ser queimado (verso 3). Ele está simplesmente falando no superlativo para enfatizar o que estava falando. Não há nada aqui que demande balbucio. Além do mais, não há exemplo de ninguém no Novo Testamento falando numa língua angelical.
Objeção #3. Em 1 Coríntios 14, Paulo usa o termo laleo (“falar”; por exemplo, verso 2). Esta palavra significa tagarelice ininteligível.
O fato do assunto é que este verbo grego não precisa de modo algum ser entendido como uma tagarelice; ela mui frequentemente significa simplesmente “falar” (por exemplo, Mateus 9:18). Paulo usa este verbo no verso 21, sem dúvida, porque este é o verbo usado na Septuaginta que ele está citando. Além do mais, os verso 34-35 do mesmo capítulo usam o verbo para descrever “o fazer perguntas”. Finalmente, o verso 16 equaciona este termo com lego, um verbo grego que sempre significa “falar” ou “dizer”.
Objeção #4. O termo “línguas desconhecidas” indica expressões extáticas.
O primeiro e mais óbvio problema com este argumento é que o termo “desconhecidas” é uma adição feita pelos tradutores da King James; a palavra não está nos manuscritos gregos (note que ela está sempre escrita em itálico). Evidentemente os tradutores caíram no erro comum de permitir que sua teologia desnecessariamente influenciasse sua tradução. Além do mais, até mesmo se a palavra fosse genuína, ela não demandaria balbucio; ela poderia da mesma forma se referir ao idioma desconhecido pelo locutor.
Objeção #5 . I Coríntios 14:2 diz que os que falam em línguas falam “a Deus” e
que “nenhum homem entende” a língua.
É interessante encontrar alguns versos das Escrituras usados para sustentar um ponto, quando o verso ensina exatamente o oposto; tal é o caso com este argumento. Como será demonstrado, Paulo argüi nesta passagem que um intérprete é necessário, de outra forma as línguas seriam inúteis, porque elas não seriam entendidas. Como resultado, alguém falar em línguas (sem um intérprete) é falar somente a Deus, porque, pela natureza do caso, ninguém pode entendê-lo (porque não há intérprete).
Objeção #6. A necessidade de um intérprete em Corinto mostra que as línguas
dos Coríntios eram diferentes das línguas em Atos.
Novamente, este argumento também sustenta o ponto oposto. Em Atos, os estrangeiros ouviram em seu próprio idioma, de modo que eles não necessitavam de intérprete. Em Corinto quando um homem falava em uma língua estrangeira, ela era pela natureza do caso ininteligível; um tradutor era necessário simplesmente porque não havia estrangeiros presentes para entender o idioma falado. A expressão era ininteligível para os ouvintes, mas não para o locutor.
Objeção #7. I Coríntios 14:14-15 diz, " Porque se eu orar em língua, o meu
espírito ora, sim, mas o meu entendimento fica infrutífero. Que fazer, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento”. É arguido que Paulo aqui contrasta orar com o espírito com orar com a mente. Orar com o espírito, é dito, significa orar com fala ininteligível, a mente estando “infrutífera”; orar com a mente é orar em linguagem humana.
Os Coríntios poderiam estar simplesmente abusando do dom de línguas desta forma, e isto é o que Paulo procurar corrigir naqueles versos. Estes versos, então, dirão a mesma coisa para ensinar exatamente o oposto. A palavra “infrutífero” significa “improdutivo”. É evidente pela explicação do verso 16 que Paulo está falando da oração pública. Tudo que ele diz é que se você orar em uma língua, você pode pensar que está orando, mas você realmente não está realizando nada; isto é infrutífero, improdutivo. Você deve, antes, procurar edificar a igreja (verso 12); isto é, pela oração em um idioma que todos possam entender.
No verso 15 ele dá a solução: toda oração deve ser tanto com o espírito como com o entendimento. Em outras palavras, todas elas devem ser inteligíveis; senão ela não será produtiva, e aqueles que ouvem não serão capazes de dizer “Amém” quando você terminar “porque que não sabem o que dizes” (verso 16b). Não importa o que possa não ser claro sobre este verso, está muito claro que na mente do apóstolo “orar no Espírito” não indica a ausência do entendimento; oração deve ser tanto “no Espírito” como “com a mente”. Além do mais, como foi mostrado acima, falar em línguas não era algo feito sem a mente; era algo inteligente e deliberado.
Muitos apelam para Romanos 8:26 para sustentar esta mesma alegação que orar “no Espírito” é orar em fala extática. “Do mesmo modo também o Espírito nos ajuda na fraqueza; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis”. Mas note que os “gemidos” são feitos pelo Espírito, não pelo Cristão. Este verso simplesmente descreve o crente em oração desejando mas não sabendo realmente como orar segundo a vontade de Deus, em cujo caso o Espírito Santo leva aquele desejo sincero da coração ao trono em uma oração agradável a Deus. O verso não diz nada sobre “oração em línguas”. Nada!
Sumário
O dom de línguas era a capacidade de falar em uma língua estrangeira não conhecida ou estudada previamente pelo locutor. O verdadeiro dom não tem nada a ver com balbucios. O dom de interpretação de línguas era a capacidade de traduzir a mensagem dada em uma língua estrangeira. Não há evidência de que as línguas de Atos sejam algo diferente das línguas de 1 Coríntios, exceto que pode ter havido algum abuso do verdadeiro dom pelos Coríntios. (Do Livro "Línguas estranhas entre os crentes).


IGREJA PRESBITERIANA DE IPANGUAÇU-RN
VIVENDO E CRESCENDO NO EVANGELHO
Rev. José Francisco do Nascimento

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