Continuando nossa
série de estudos sobre as “Línguas entre os crentes falaremos da objeções. Diante
do que foi dito na postagem “2” afirma-se que o fato das línguas serem idiomas
estrangeiros é evidente a partir das seguintes considerações.
AS OBJEÇÕES
Parece
que as evidências dadas acima são insuperáveis. Contudo, aqueles que sustentam
que as línguas eram um falar extático, apresentam os seguintes argumentos:
Objeção
#1.
No Pentecoste, quando os apóstolos falaram em línguas, eles foram acusados de
estarem bêbados (Atos 2:13).
Este é um
argumento comum e justo. Uma análise mais atenta da passagem, contudo, revela
que havia dois grupos de pessoas presentes: 1) os estrangeiros que entendiam em
seus próprios idiomas e estavam “todos maravilhados” com tão impressionante
fenômeno (versos 9-12), e 2) os Judeus Palestinos que, em vista de os apóstolos
estarem falando em idiomas estrangeiros, não podiam entender o que eles estavam
falando. Estes Judeus Palestinos locais são descritos como “outros” (heteroi)
no verso 13 em contraste com os estrangeiros listados nos versos 9-12. O verso
13 diz, então, que eram estes Judeus locais que estavam lançando a acusação de
embriaguez. Os idiomas que estavam sendo falados eram claramente entendidos
pelos estrangeiros, por isso eles não foram os que levantaram a acusação de
embriaguez. Além do mais, como já mostrado, as línguas de Atos 2 foram
especificamente chamadas “idiomas” [ou “línguas” em algumas versões]
(dialektos) nos versos 6 e 8.
(Isto, a propósito, também mostra
que o milagre de Pentecoste era de fala, não de audição, porque havia aqueles
que não entenderam. Um milagre de audição teria sido experimentado pelos Judeus
locais e estrangeiros igualmente.)
Objeção
#2.
Paulo fala de “línguas dos anjos” em 1 Coríntios 13:1, o que deve se referir à
uma linguagem celestial desconhecida por qualquer ser humano.
O problema com este entendimento
desta frase é que Paulo, em todo este cenário dos versos 1-3, está falando em
termos hipotéticos. O “aindas” nestes versos estão no modo subjuntivo, o modo
da irrealidade. Nestes versos Paulo está falando de coisas que claramente não
aconteceram, tais como dar seu corpo para ser queimado (verso 3). Ele está
simplesmente falando no superlativo para enfatizar o que estava falando. Não há
nada aqui que demande balbucio. Além do mais, não há exemplo de ninguém no Novo
Testamento falando numa língua angelical.
Objeção
#3.
Em 1 Coríntios 14, Paulo usa o termo laleo (“falar”; por exemplo, verso 2).
Esta palavra significa tagarelice ininteligível.
O fato do assunto é que este verbo
grego não precisa de modo algum ser entendido como uma tagarelice; ela mui frequentemente
significa simplesmente “falar” (por exemplo, Mateus 9:18). Paulo usa este verbo
no verso 21, sem dúvida, porque este é o verbo usado na Septuaginta que ele
está citando. Além do mais, os verso 34-35 do mesmo capítulo usam o verbo para
descrever “o fazer perguntas”. Finalmente, o verso 16 equaciona este termo com
lego, um verbo grego que sempre significa “falar” ou “dizer”.
Objeção
#4.
O termo “línguas desconhecidas” indica expressões extáticas.
O primeiro e mais óbvio problema
com este argumento é que o termo “desconhecidas” é uma adição feita pelos
tradutores da King James; a palavra não está nos manuscritos gregos (note que
ela está sempre escrita em itálico). Evidentemente os tradutores caíram no erro
comum de permitir que sua teologia desnecessariamente influenciasse sua
tradução. Além do mais, até mesmo se a palavra fosse genuína, ela não
demandaria balbucio; ela poderia da mesma forma se referir ao idioma
desconhecido pelo locutor.
Objeção #5 . I
Coríntios 14:2 diz que os que falam em línguas falam “a Deus” e
que “nenhum homem entende” a
língua.
É interessante encontrar alguns
versos das Escrituras usados para sustentar um ponto, quando o verso ensina
exatamente o oposto; tal é o caso com este argumento. Como será demonstrado,
Paulo argüi nesta passagem que um intérprete é necessário, de outra forma as
línguas seriam inúteis, porque elas não seriam entendidas. Como resultado,
alguém falar em línguas (sem um intérprete) é falar somente a Deus, porque,
pela natureza do caso, ninguém pode entendê-lo (porque não há intérprete).
Objeção #6. A necessidade de um intérprete em
Corinto mostra que as línguas
dos Coríntios eram diferentes das
línguas em Atos.
Novamente, este argumento também
sustenta o ponto oposto. Em Atos, os estrangeiros ouviram em seu próprio
idioma, de modo que eles não necessitavam de intérprete. Em Corinto quando um
homem falava em uma língua estrangeira, ela era pela natureza do caso
ininteligível; um tradutor era necessário simplesmente porque não havia
estrangeiros presentes para entender o idioma falado. A expressão era
ininteligível para os ouvintes, mas não para o locutor.
Objeção #7. I Coríntios 14:14-15 diz, " Porque
se eu orar em língua, o meu
espírito ora, sim, mas o meu
entendimento fica infrutífero. Que fazer, pois? Orarei com o espírito, mas
também orarei com o entendimento”. É arguido que Paulo aqui contrasta orar com
o espírito com orar com a mente. Orar com o espírito, é dito, significa orar
com fala ininteligível, a mente estando “infrutífera”; orar com a mente é orar
em linguagem humana.
Os Coríntios poderiam estar
simplesmente abusando do dom de línguas desta forma, e isto é o que Paulo
procurar corrigir naqueles versos. Estes versos, então, dirão a mesma coisa
para ensinar exatamente o oposto. A palavra “infrutífero” significa “improdutivo”.
É evidente pela explicação do verso 16 que Paulo está falando da oração
pública. Tudo que ele diz é que se você orar em uma língua, você pode pensar
que está orando, mas você realmente não está realizando nada; isto é
infrutífero, improdutivo. Você deve, antes, procurar edificar a igreja (verso 12);
isto é, pela oração em um idioma que todos possam entender.
No verso 15 ele dá a solução: toda
oração deve ser tanto com o espírito como com o entendimento. Em outras
palavras, todas elas devem ser inteligíveis; senão ela não será produtiva, e
aqueles que ouvem não serão capazes de dizer “Amém” quando você terminar “porque
que não sabem o que dizes” (verso 16b). Não importa o que possa não ser claro
sobre este verso, está muito claro que na mente do apóstolo “orar no Espírito”
não indica a ausência do entendimento; oração deve ser tanto “no Espírito” como
“com a mente”. Além do mais, como foi mostrado acima, falar em línguas não era
algo feito sem a mente; era algo inteligente e deliberado.
Muitos apelam para Romanos 8:26
para sustentar esta mesma alegação que orar “no Espírito” é orar em fala
extática. “Do mesmo modo também o Espírito nos ajuda na fraqueza; porque não
sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito mesmo intercede por
nós com gemidos inexprimíveis”. Mas note que os “gemidos” são feitos pelo
Espírito, não pelo Cristão. Este verso simplesmente descreve o crente em oração
desejando mas não sabendo realmente como orar segundo a vontade de Deus, em
cujo caso o Espírito Santo leva aquele desejo sincero da coração ao trono em
uma oração agradável a Deus. O verso não diz nada sobre “oração em línguas”.
Nada!
Sumário
O dom de línguas
era a capacidade de falar em uma língua estrangeira não conhecida ou estudada
previamente pelo locutor. O verdadeiro dom não tem nada a ver com balbucios. O
dom de interpretação de línguas era a capacidade de traduzir a mensagem dada em
uma língua estrangeira. Não há evidência de que as línguas de Atos sejam algo
diferente das línguas de 1 Coríntios, exceto que pode ter havido algum abuso do
verdadeiro dom pelos Coríntios. (Do Livro "Línguas estranhas entre os crentes).
IGREJA PRESBITERIANA DE
IPANGUAÇU-RN
VIVENDO E
CRESCENDO NO EVANGELHO
Rev.
José Francisco do Nascimento
Nenhum comentário:
Postar um comentário