terça-feira, 5 de junho de 2012

Um caminho prático para impedir a degradação ambiental


Uma das principais barreiras à adoção de práticas sustentáveis durante o processo de produção é tão simples quanto antiga: a agricultura e a indústria usam recursos da natureza. Desde que a humanidade existe, trabalho e meio ambiente caminham lado a lado. Florestas, matas, o solo e os rios oferecem matéria-prima a praticamente tudo que comemos, bebemos, vestimos e usamos das mais variadas formas. Aliás, de onde você acha que foi retirado o lítio que serve de principal componente à bateria do seu notebook?

Essas questões importantes não podem ser varridas para debaixo do tapete. Por isso, uma alternativa recente para incentivar a preservação do meio ambiente é considerar a lógica de mercado como fator motivador. Assim, em vez de degradar, produtores e proprietários rurais são financiados para evitar o desmatamento e outras agressões. Esse mecanismo tem nome: Pagamento por Serviços Ambientais (PSA).
No Brasil, a prática do PSA já mobiliza 350 produtores, beneficiando mais de 22 milhões de pessoas. Inclusive, a discussão sobre o assunto está na ordem do dia dos debates em torno do novo Código Florestal brasileiro. Um caso de sucesso é o da cidade de Extrema, em Minas Gerais, na divisa com São Paulo. Há 20 anos, o município enfrentava um quadro de degradação ambiental avançada causada, em boa parte, pela pecuária leiteira. Como agravante, os principais mananciais de água da região ficavam justamente nas propriedades rurais que desmatavam para alcançar progresso econômico.
Os governantes locais entenderam, então, que era possível resolver o problema. Bastava aplicar a tal lógica do mercado. Em vez de se desgastarem em discussões que prejudicariam os moradores que viviam da produção de leite, recorreram ao PSA (que ainda não tinha esse nome, diga-se de passagem). A prefeitura passou a pagar aos produtores para preservarem os cursos dos rios e a vegetação. O município também fez um acordo com uma fábrica de laticínio, incentivando a empresa a conceder bônus financeiros aos que produzissem em condições adequadas.
As propriedades que participam do PSA local recebem a visita de um agrônomo que identifica as áreas críticas, principalmente as nascentes dos rios. A partir daí, começa o processo de reflorestamento, mas ninguém sai perdendo. O custo desse trabalho – cerca de mil reais por hectare – é totalmente coberto pelo programa.
Hoje, a cidade está envolvida a tal ponto no projeto de conservação ambiental que se tornou referência no assunto. Prefeitos, técnicos e agricultores de todo o Brasil participam de cursos oferecidos em Extrema. O objetivo é mostrar que preservar o meio ambiente e produzir a partir dos recursos da natureza não são atividades necessariamente excludentes e podem até ser lucrativas, criando oportunidades de novos negócios, como aconteceu na cidade mineira.
Artigo escrito por Henry Galsky - Site: http://www.respostassustentaveis.com.br/

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