quinta-feira, 7 de junho de 2012

O FRUTO DO ESPÍRITO (2)


A expressão  "fruto do Espírito" vem da carta de Paulo aos gálatas. Estas são suas palavras:
"Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio." (Gál. 5:22, 23a).
Uma simples leitura destas graças cristãs deve ser suficiente para encher de água a boca e fazer o coração bater mais forte, porque este é um retrato de Jesus Cristo. Nenhum homem ou mulher até hoje apresentou estas qualidades com tal equilíbrio ou perfeição como o homem Jesus Cristo. Assim, este é o tipo de pessoa que todo cristão gostaria de ser.
Já foram feitas diversas tentativas de classificar as nove qualidades que Paulo alista. Nenhuma classificação é completamente satisfatória; no entanto, existe o perigo de impor uma que seja artificial. Talvez a mais simples seja aquela que as vê como três tríades, que retratam nosso relacionamento primeiro com Deus, depois com outras pessoas e, por último, conosco mesmos.
Primeiro vem nosso relacionamento com Deus: "Amor, alegria, paz", O Espírito Santo coloca o amor de Deus em nosso coração, a alegria dele em nossa alma e a paz divina em nossa mente. Amor, alegria e paz permeiam um cristão cheio do Espírito. Na verdade, podemos dizer que estas são suas características principais e permanentes. Tudo o que ele faz é concebido com amor, iniciado com alegria e executado com paz.
Depois vem nosso relacionamento com as outras pessoas: "Paciência, ternura, bondade" (BLH). Temos aqui a paciência que suporta grosseria e insensibilidade dos outros e se recusa a se vingar; a gentileza que vai além da tolerância negativa de não desejar o mal para ninguém, passando para a benevolência de desejar o bem a todos; e a bondade que transforma o desejo em atos, e toma a iniciativa de servir as pessoas de maneira concreta e construtiva. Não é difícil ver "paciência, ternura e bondade" como três degraus ascendentes em nossa atitude para com os outros.
Por último, nosso relacionamento conosco mesmos: "Fidelidade, mansidão, domínio próprio". A palavra "fidelidade" é a mesma que é geralmente traduzida por "fé" (pistis). Aqui parece não significar a fé que confia em Cristo ou em outras pessoas, mas a confiabilidade, que convida outras pessoas a confiarem em nós. É a fidelidade privada, a dignidade sólida de alguém que sempre cumpre suas promessas e termina o que começa. Mansidão não é uma qualidade de pessoas meigas e fracas, mas de pessoas fortes e dinâmicas, que mantêm sua força e energia sob controle. Domínio próprio é o senhorio sobre a língua, os pensamentos, os apetites e as paixões.
Este, então, é o retrato de Cristo, e, da mesma forma – pelo menos em termos ideais – do cristão equilibrado, parecido com Cristo, cheio do Espírito. Não temos liberdade para escolher algumas destas qualidades, porque é conjunto (como um cacho de uvas ou um feixe de trigo) que elas nos fazem semelhantes a Cristo. Cultivar algumas, e não outras, coloca-nos em desequilíbrio. O Espírito dá diferentes dons a diferentes cristãos, como veremos no próximo capítulo, mas ele atua no sentido de produzir o mesmo fruto em todos. Ele não se satisfaz se demonstramos amor aos outros, mas não controlamos a nós mesmos; ou se temos alegria e paz em nós, mas não somos gentis para com os outros; ou se temos paciência negativa, sem bondade positiva; ou se apresentamos humildade e flexibilidade, sem a firmeza da confiabilidade cristã. O cristão desequilibrado é carnal; todavia, existe uma perfeição, uma compleição, uma plenitude de caráter cristão que somente cristãos cheios do Espírito têm.
Porém, como é possível desenvolver estas qualidades? Esta é a pergunta que queremos fazer ao apóstolo. Sua resposta surge do fato de que as nove qualidades são reunidas na expressão única "o fruto do Espírito". Desta metáfora emergem verdades importantes. 

Do Livro: BATISMO  E  PLENITUDE  DO  ESPÍRITO  SANTO
 John R. W. Stott
 SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA

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