quarta-feira, 30 de maio de 2012

A Diferença entre "Batismo" e "Plenitude"


O que aconteceu no dia de Pentecostes foi que Jesus "derramou" o Espírito do céu e, assim, "batizou" com o Espírito, primeiro os 120 e depois os três mil. A conseqüência deste batismo do Espírito foi que eles "todos ficaram chãos do Espírito Santo" (Atos 2:4). Portanto, a plenitude do Espírito foi a conseqüência do batismo do Espírito. O batismo é o que Jesus fez (ao derramar Seu Espírito do céu); a plenitude foi o que eles receberam. O batismo foi uma experiência inicial única; a plenitude Deus queria que fosse contínua, o resultado permanente, a norma.
Como acontecimento inicial, o batismo não pode ser repetido nem pode ser perdido, mas o ato de ser enchido pode ser repetido e, no mínimo, precisa ser conservado. Quando a plenitude não é conservada, ela se perde. Se foi perdida, pode ser recuperada. O Espírito Santo é "entristecido" pelo pecado (Efés. 4:30) e deixa de dominar o pecador. Neste caso o único meio de recuperar a plenitude é o arrependimento. Mesmo em casos em que não há indícios de que a plenitude foi perdida por causa de algum pecado, lemos que algumas pessoas foram novamente preenchidas, mostrando que uma crise ou um desafio diferente requer um novo revestimento de poder do Espírito.
Uma comparação dos diversos textos do Novo Testamento que falam de pessoas que são "enchidas" ou "cheias" do Espírito Santo leva a crer que eles podem ser divididos em três grupos principais. 
Primeiro fica implícito que ser "cheio" ou "enchido" era uma característica normal de cada cristão dedicado. Por isso, os sete homens que foram escolhidos para cuidar das viúvas na igreja de Jerusalém deveriam ser "cheios do Espírito", assim como deveriam ser "de boa reputação", "cheios de sabedoria" e "cheios de fé" (Atos 6:3,5). Creio que a "sabedoria" e a "fé" poderiam ser consideradas dons espirituais especiais. Porém uma boa reputação dificilmente poderia ser algo fora do comum para os cristãos. Nem, penso eu, o fato de serem cheios do Espírito. De maneira semelhante, Barnabé é descrito como um "homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé" (Atos 11:24), e os recém-convertidos discípulos de Antioquia da Pisídia "transbordavam de alegria e do Espírito Santo" (Atos 13:52). Estes versículos parecem descrever o estado normal do cristão, ou, pelo menos, como Deus gostaria que ele fosse.
Em segundo lugar, a expressão indica uma capacitação para um ministério ou cargo especial. Assim, João Batista seria "cheio do Espírito Santo, já do ventre materno", aparentemente como preparo para seu ministério profético (Luc. 1:15-17). Da mesma forma, as palavras de Ananias a Saulo de Tarso, de que ele seria "cheio do Espírito Santo", parecem referir-se à sua indicação como apóstolo (Atos 9:17; veja 22:12-15 e 26:16-23).
Em terceiro lugar, há ocasiões em que a plenitude do Espírito foi concedida para equipar não tanto para um cargo vitalício (como apóstolo ou profeta, por exemplo), mas para uma tarefa imediata, especialmente numa emergência. Zacarias foi preenchido antes de profetizar (mesmo seu ofício sendo de sacerdote, não de profeta. Veja também sua esposa Isabel, Luc. 1:5-8, 41, 67). A mesma coisa aconteceu com Pedro, antes de ele falar ao Sinédrio; com o grupo de cristãos em Jerusalém, antes de eles continuarem com seu ministério da palavra mesmo em face da perseguição emergente; com Estevão, antes de ele ser martirizado; e com Paulo, antes de ele repreender o mágico Elimas. Lemos que todos estes ficaram "cheios do Espírito Santo", provavelmente para capacitá-los a enfrentarem a situação com que se defrontavam (Atos 4:8,31, 7:55, 13:9). 

Fonte: BATISMO E PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO - John R. W. Stott
SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA  - Caixa Postal 21.486 04698 – São Paulo, SP – Brasil Título do original em inglês: Baptism and Fullness

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