quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O ENCONTRO DE JESUS COM A MULHER SAMARITANA

Evangelho de João Capítulo 4.1-42
Temos aqui um memorável diálogo entre Jesus e uma mulher, que conhecemos apenas pelo nome de "a mulher samaritana". Esse diálogo se deu em Samaria. Mas Jesus estivera na Judéia pouco antes. Por que foi para a Galiléia? Para evitar dificuldades entre os seus discípulos e os de João Batista (3.25; 4.1-3). Jesus nos é apresentado através, das Escrituras, como "O Príncipe da Paz", e é ele quem nos ensina a viver em paz: evitando as dificuldades e fugindo delas. O seu Apóstolo compreendeu isso e o ensinou, ao preceituar: "quanto depender de vós, tende paz com todos os ho­mens" (Rm 12.18). Foi nessa viagem, quando fugia de dificuldades, que se verificou o diálogo entre ele e a mulher samaritana. Nesse diálogo temos o que podemos chamar "a sua revelação". Nesta revelação, em que ele aparece como Salvador, vemos que ela se faz, ora pelo próprio Jesus, ora pela experiência dos seus interlocutores, atribuindo-lhes os horizontes do coração e da mente até que ela se torne completa (v.42), e seja um patrimônio da alma: "Sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo".
1 - Nesta revelação observamos como Jesus se revela o Salvador: a) Pelo seu interesse em salvar os perdidos; procurando-os: "Era-lhe necessário passar pela província de Samaria". Aquele caminho escolhido e preferido por Jesus era evitado por todos os judeus. Portanto, que interesse havia nele, para Jesus? Pecadores para serem salvos por ele; b) sacrificando os seus maiores interesses por eles (vv.31,34). O contexto permite concluir que ele não comeu nem bebeu. Absorveu-se na sua missão. À insistência dos discípulos: "Mestre, come". Ele responde: "A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou a realizar a sua obra". Ele tinha bem nítidas, uma consciência e uma preocupação: veio para salvar e tinha que realizar essa obra, que ia lhe custar a própria vida; c) provocando oportunidade para falar com os pecadores e dessa maneira descobrir- lhes o coração, bem como as suas necessidades. "Dá-me de beber". Esse pedido feito à samaritana foi a porta de entrada para aquele diálogo revelador entre ele e ela (vv.6-8). Ele não salva somente quando acha oportunidade; ele procura e descobre essa oportunidade; d) apresentando-se como o dom de Deus, ao mundo a que se refere Jo 4.10: "Se conheceras o dom de Deus". Ele é o doador da vida eterna, plena satisfação em contraste com as satisfações passageiras do mundo, que, por muito boas que pareçam, por fim enfadam (v.15). O pecador precisa conhecer o dom de Deus, Cristo, para ser salvo: "Se tu conheceras o Dom de Deus, e quem é aquele que te pede: dá-me de beber, tu lhe pedirias e ele te daria água viva". Jesus se apresenta e se faz conhecer como esse dom. Ele está sempre ao alcance do pe­cador e pronto para salvá-lo: "Tu lhe pedirias e ele te daria água viva".

2 - Revelando-se como Profeta. Logo que ele descobre a vida da mulher samaritana, como é que ela vivia (vv.16,18,19), ela percebe que não está tratando com um simples judeu, como pensava (v.9), porém, com um profeta e o declara: "Senhor, vejo que és profeta" (v.19). E por isso faz referência ao culto que os judeus e os samaritanos prestavam a Deus. Ela aproveita a oportunidade para obter esclarecimento sobre esse assunto. Como profeta, ele passa a ensinar: a) sobre o verdadeiro culto que se deve prestar a Deus (vv.21,24), assunto sobre o qual havia muita confusão (v.20): "Nossos pais adoravam neste monte; vós dizeis que é em Jerusalém o lugar em que se deve adorar: e não se chegava a um acordo; b) a ela, que já tinha alguma ideia, embora vaga, sobre o Messias e a sua obra de ensinar (v.25), Jesus se apresenta como o Messias que esperavam (v.26); c) como resultado daquela palestra, ela se aprofunda na sua experiência sobre Jesus, e diz aos seus patrícios samaritanos: "Vinde comigo e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito; será este, porventura, o Messias?" Sua compreensão é progressiva: descobre em Jesus um profeta e que ele é o Cristo; ainda como profeta ele fala com os seus discípulos, e de maneira otimista, sobre o futuro próximo do reino de Deus (v.35): "Erguei os vossos olhos e vede..." Na seara material ele via uma figura da seara e colheita para o reino de Deus (v.41): Almas que se aproximavam dele (v.30).

3 – Completa-se a revelação do Salvador, com a experiência que os samaritanos tiveram com Jesus durante dois dias. Falavam com Ele e dele tiveram as instruções e as provas necessárias para uma conclusão segura: "Nós sabemos que este é verdadeira­mente o Salvador do mundo..." (v.42). Não se trata mais do Messias prometido a Israel (v.25), muito mais do que isso: É o Salvador do mundo. Assim conclui a experiência pessoal da alma com Cristo. A experiência maior ou menor com referência à pessoa de Jesus, como Salvador, está na razão direta da nossa maior ou menor convivência e comunhão com ele. Conclusão: "Vindo, pois, os samaritanos ter com Jesus, pediam-lhe que permanecesse com eles; e ficou ali dois dias" (v. 40). Aqui está a chave do segredo para se gozar o dom da salvação: Permanecer com Cristo. Ele atendeu ao pedido dos samaritanos para ficar com eles, atendeu ao pedido dos discípulos no caminho para Emaús: "Fica conosco" (Lc 24.29). Quantas bênçãos e quanta felicidade decorrentes desse desejo cumprido. Ele está pronto para ficar conosco o tempo que quisermos e o lucro será nosso. Nessa comunhão descobriremos nele o nosso profeta; o nosso Messias e o nosso Salvador.

Do Livro Meditações no Evangelho de João de J.C Ryle – Ed. Fiel

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