Isso
foi o que um homem disse a uma mulher, treze anos depois de ser acusado de
estuprá-la. Você já ouviu casos como este; acreditaria em suas afirmações de
que havia mudado? Suspeito que algumas pessoas se mostrariam incrédulas, em
certa medida, não apenas em relação ao homem arrependido, mas também em relação
a qualquer pessoa que afirma haver mudado de maneira profunda e duradoura. Em
nossos dias, as pessoas não acreditam que os outros possam mudar de verdade.
Políticos, advogados, pregadores, professores repórteres, lobistas — todos
têm suas fraquezas predeterminadas, não têm?
Qualquer
sugestão de que você pode mudar
profundamente é considerada com grande suspeita. Esse tipo de
sugestão é encarada como um instrumento potencialmente sinistro nas mãos
daqueles que desejam coagir você a conformar-se com os padrões deles, por
cultivar em você um ódio de si mesmo, uma repugnância de suas próprias características, quer sejam seus desejos sexuais, suas ambições vocacionais,
seus padrões éticos ou suas crenças religiosas. Somos o que somos, eles dizem,
e devemos nos orgulhar disso!
Contudo,
apesar de toda esta incerteza e suspeita em relação à possibilidade de mudança,
as pessoas têm um profundo desejo de mudança. Há uma inquietação relacionada
aos dardos e às armadilhas da riqueza injuriosa; e, se a verdade fosse conhecida,
haveria uma insatisfação conosco mesmos, ampla e profunda. Não estamos contentes,
por isso trocamos a mobília, pintamos o corredor ou compramos roupas novas. Se
as coisas pioram, questionamo-nos sobre uma mudança de lugar. Buscamos horas
flexíveis no trabalho e até mudança de trabalho. Às vezes, talvez até anelemos
ter outro cônjuge. Hoje, até aqueles limites fixos de moralidade tradicional e
da própria vida são transgredidos numa tentativa inútil de encontrar
satisfação. Porém, quando as condições de serviço e trabalho, casamento e família,
de sexo e até da morte se tornam sujeitas às nossas escolhas, nos veremos
derrotados, logrados e desesperados.
Então,
os cínicos estão certos? Alguma mudança autêntica é possível?
O que a Bíblia diz a respeito de mudança
pessoal, profunda, autêntica?
Primeiramente,
temos de perguntar: a mudança é necessária?
Muitos
responderão negativamente esta pergunta. Muitos irão preferir a complacência em
relação à nossa condição humana. Quando confrontados com a ideia de que
precisam de uma grande mudança em sua vida, muitos dirão apenas: "Por que
mudar? Você não pode impor suas ideias aos outros. Além disso, você não está
sugerindo que a sua
maneira de viver, a sua
maneira de encarar o mundo é melhor do que a minha? Se está sugerindo isso,
deve ser um hipócrita cheio de justiça própria! Sugiro gentilmente que você
cuide de suas próprias neuroses e me deixe em paz!"
Apesar
disso, a Bíblia ensina claramente que uma mudança é necessária para não
sermos "apenas melhores". De fato, a Bíblia ensina que estamos em
problemas.
Ora,
considere estas duas verdades idênticas: necessitamos desesperadamente da
graça de Deus; e Ele não deve sua graça a ninguém. O que Deus nos deve é
justiça para com nossos pecados.
E,
quando o Espírito de Deus começa a chamar-nos a converter- nos de nossos
pecados, há um grande senso de convicção. Começamos a sentir algo a respeito
da seriedade do pecado.
Não
nos tornamos paranoicos espirituais, começando a imaginar que temos cometido
mais pecados do que percebíamos anteriormente (embora, em certo sentido,
comecemos a fazer isso). O que acontece, quando o Espírito de Deus começa a nos
convencer desta maneira, é que, à medida que Ele focaliza nossa atenção a
determinado pecado, esse pecado parece mais sério do que parecia antes.
Começamos a perceber a seriedade do pecado, especialmente a seriedade de seu caráter mortal como um ato de revolta contra o próprio Deus. Começamos a sentir como o
salmista que orou: "Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal
perante os teus olhos, de maneira que serás tido por justo no teu falar e puro
no teu julgar" (SI 51.4).
Quando lemos a Bíblia e observamos as figuras
que Deus usa para falar do estado de nossa natureza humana, estas figuras são
bem radicais — figuras de estar em dívida, em escravidão, na miséria e mortos.
Isto é o que a Bíblia apresenta como nossa situação e condição natural. Estamos
numa situação desastrosa e temos de sair dela. É evidente que uma mudança é
necessária.
Do Livro "9 Marcas de Uma Igreja Saudável" Ed. Fiel.
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