sexta-feira, 20 de setembro de 2013

BREVE INTRODUÇÃO A CARTA AOS ROMANOS

O PROPÓSITO DA CARTA AOS ROMANOS
Diferentemente de outras cartas, Paulo não escreveu aos romanos para resolver problemas locais e circunstanciais. Por isso, essa carta parece mais um tratado teológico que uma missiva pastoral. A carta aos Romanos tem sido chamada de “carta profilática”. Paulo sabia que a melhor proteção contra a infecção do falso ensino era o antisséptico da verdade.
Paulo tem pelo menos cinco propósitos em seu coração ao escrever esta carta:
1.   Pedir oração da igreja em seu favor. Paulo estava prestes a fazer uma viagem extremamente perigosa a Jerusalém (Rm 15.30,31). Ele temia duas coisas: 1) que os judeus o matassem; 2) que os “santos” de Jerusalém nem mesmo se dispusessem a receber o generoso donativo vindo dos crentes gentios (At 20.3,22, 23). Ele foi alertado a não subir a Jerusalém (At 21.8-14). Foi recebido com alegria (At 21.17), mas com sórdida crueldade pelos judeus que conspiraram para o matá-lo (At 21.27-31). Pressentindo esse desfecho, Paulo escreveu aos crentes de Roma pedindo oração em seu favor (Rm 15.30,31).
2.   Demonstrar seu desejo de visitar a igreja de Roma.  Ele expressou esse desejo algumas vezes, mas isso lhe foi impedido (Rm 1.13). Porque não pôde ir a Roma, Paulo escreveu essa carta, o maior tratado teológico do Novo Testamento. Essa impossibilidade privou aqueles crentes por um tempo da presença do apóstolo, mas abençoou todas as igrejas ao longo dos tempos, por dessa carta inspirada.
3.   Demonstrar seu desejo de compartilhar com os crentes de Roma algum dom espiritual. Paulo tinha o interesse de ir a Roma para compartilhar com os crentes o Evangelho. Mesmo não tendo sido o fundador da igreja, aquela igreja estava sob a jurisdição espiritual, uma vez que era o apóstolo enviado por Jesus aos gentios.
4.   Ser enviado pela igreja de Roma à Espanha. Paulo queria uma base missionária para os seus novos projetos. Depois de concluir seu trabalho missionário nas quatro províncias da Galácia, Macedônia, (nordeste da Grécia), Acácia (sudeste da Grécia) e Ásia Menor, Paulo tinha planos para ampliar, os horizontes e chegar à Espanha (Rm 15.24,28), a mais antiga colônia romana no Ocidente e o principal baluarte da civilização romana naquelas partes. Para isso precisava de suporte financeiro e apoio espiritual (Rm 15.24).
5.   Fazer uma exposição detalhada do Evangelho. Paulo desejava repartir com a igreja da capital do império o significado do Evangelho. Nessa carta ele discorre sobre a condição de ruína e perdição tanto dos gentios como dos judeus. Também mostra que a salvação é pela graça, independentemente das obras, tanto para os gentios como para os judeus – “O evangelho de Cristo, que a carta aos Romanos expõe, é a mais doce música jamais ouvida na terra, a mais poderosa mensagem proclamada entre os homens, o mais precioso tesouro confiado ao povo de Deus” (Charles Erdman).
AS PRINCIPAIS ÊNFASES DA CARTA AOS ROMANOS
A carta aos Romanos é uma verdadeira enciclopédia teológica. Alguns dos principais pontos abordados pelo apóstolo nessa epistola são os seguintes:
1.    Mostrar a unidade da igreja. A igreja de Cristo é formada por judeus e gentios. Pelo sangue de Cristo a parede da separação foi derrubada e, agora, os judeus e os gentios constituem a igreja (Ef 2.14-16; Rm 2.1s; 11.18 e 10.12). O mais importante de todos os temas de Romanos é o da igualdade entre judeus e gentios.
2.   Evidenciar a universidade do pecado. Paulo expõe com argumentos irresistíveis a culpabilidade dos gentios e também dos judeus. Deus encerrou todos no pecado para usar de misericórdia para com todos (Rm 3.23). Ninguém vive à altura do conhecimento que tem, ou seja, todos carecem da glória de Deus (Rm 1.18-32; 2.1-16; 3.9-2).
3.   Manifestar a justiça de Deus no Evangelho. Na cruz de Cristo Deus revelou sua ira sobre o pecado e seu amor ao pecador. A cruz de Cristo foi a justificação de Deus, uma vez que nela Deus satisfez plenamente sua justiça violada (Rm 1.18 com 3.21).
4.   Anunciar a doutrina da justificação pela fé. A justificação não é alcançada pelas obras da lei, mas pela fé na obra de Cristo. Não é o nós fazemos, mas o que Deus fez por nós em Cristo que nos traz a vida eterna. Não é a nossa justiça que nos recomenda a Deus, mas a justiça de Cristo a nós imputada. O Justo justifica o injusto. Romanos quatro é brilhante ensaio que prova que o próprio Abraão, foi justificado não por obras (4.4-8), nem por sua circuncisão (4.9-12, nem pela lei (4.13-15), mas pela fé (4.11, 16-25).
5.   Proclamar a nova vida na pessoa de Cristo. Deus nos salvo do pecado, e não no pecado (Rm 6.1). A salvação implica a libertação da condenação, do poder e da presença do pecado. Não podemos viver no pecado, nós que para ele morremos. Fomos crucificados com Cristo e sepultados com ele na morte pelo batismo, de tal maneira que devemos considerar-nos mortos para o pecado e carregar nosso certificado de óbito no bolso.
6.   Anunciar a vida vitoriosa no Espírito. Depois de mostrar o grande conflito interior e a total impossibilidade de alcançarmos uma vida vitoriosa pela energia da carne (7. 1-24), Paulo exulta num brado de vitória ao anunciar a vida triunfante que temos pelo Espírito (8.1-18). O Espírito Santo nos vivifica, nos capacita e nos reveste de poder para vivermos em santidade.
7.   Revelar a soberania de Deus na salvação. Paulo ensina de forma grandiosa a doutrina da eleição da graça. Não somos nós que escolhemos a Deus, mas é Ele quem nos escolhe. Deus nos escolhe não por causa de nossos méritos, mas apesar de nossos deméritos (9.1-11.36)
8.   Mostrar a vital necessidade de relacionamentos transformados. Depois que Paulo encerra a magistral sessão doutrinária, ele aplica a doutrina mostrando a necessidade de estabelecermos relacionamentos corretos com Deus, com nós mesmos, como o próximo, com os inimigos e com as autoridades (12.1–13.7).

A carta termina com uma longa lista de saudações, mostrando que a igreja precisa ser um lugar onde florescem relacionamentos saudáveis, onde devemos ter corações abertos, mãos abertas, casas abertas e lábios abertos para abençoar uns aos outros (16.3-24). O fechamento da carta é uma explosão doxológica na qual o apóstolo exalta a Deus por meio de Cristo.

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