“E
eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem
após mim é mais poderoso do que eu; não sou digno de levar as suas sandálias;
ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Mateus 3:11).
A
nossa intenção neste pequeno artigo não é analisar de uma forma geral o ensinamento
antibíblico de um batismo com o Espírito Santo pós-conversão, defendido pelos
pentecostais e neopentecostais. Antes, queremos atentar para a passagem acima e
ver à luz das Escrituras o que significa o “batismo com o Espírito Santo e com
fogo” (vale ressaltar que esta é uma das passagens prediletas dos pentecostais
e neopentecostais, a qual eles afirmam ensinar a necessidade de um revestimento
de poder para os crentes após a conversão).
Tanto
pentecostais como muitos reformados creem que “o batismo com o Espírito Santo e
com fogo” se refere ao batismo que os crentes genuínos recebem (é claro que a
diferença quanto ao tempo desse recebimento e a extensão do mesmo é fundamental
entre esses dois grupos). Mas o que diz “a Lei e o Testemunho”?
Primeiramente,
vejamos o contexto da passagem: 7 - E, vendo ele muitos dos fariseus e dos
saduceus que vinham ao seu batismo, dizia-lhes: Raça de víboras, quem vos
ensinou a fugir da ira futura? 8 - Produzi, pois, frutos dignos de
arrependimento 9 - e não presumais de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a
Abraão; porque eu vos digo que mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a
Abraão. 10 - E também, agora, está posto o machado à raiz das árvores; toda
árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo. 11 - E eu,
em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após
mim é mais poderoso do que eu; não sou digno de levar as suas sandálias; ele
vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. 12 - Em sua mão tem a pá, e
limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o seu trigo, e queimará a palha com
fogo que nunca se apagará. (Mateus 3:7-12, ênfase adicionada).
Analisando
cuidadosamente o discurso de João Batista, vemos que a expressão “batizará com
o Espírito Santo e com fogo” refere-se a dois batismos distintos para duas
classes de pessoas distintas: - O batismo com o Espírito é para o trigo, ou
seja, para aqueles que produziram,
pela
graça de Deus, frutos dignos de arrependimento. O trigo é recolhido no Seu celeiro
em virtude de ser algo muito valioso, muito precioso.
- O
batismo com fogo é para a palha, ou seja, para aquelas “árvores” que não produziram
frutos, as quais serão cortadas e lançadas no fogo. Assim, a palha será
separada do trigo, ou seja, os ímpios dos bons, e será queimada no fogo que nunca
se apaga.
Além
do mais, João Batista não estava se dirigindo aos discípulos dele ou de Cristo.
Ao contrário, ele falava com os “fariseus e saduceus” que estavam querendo se
batizar, sem demonstrar arrependimento. A esses ele diz: “Raça de víboras, quem
vos ensinou a fugir da ira futura?”. Certamente João Batista não prometeria um
batismo com Espírito Santo para tais pessoas.
Portanto,
ao invés do “batismo com fogo” ser uma promessa para os crentes, ele é uma
frase expressiva dos terríveis julgamentos que Ele (Jesus) infligiria sobre a nação
Judia e sobre todos quantos morressem impenitentes; quando Ele os condenará
pelo pecado de rejeitá-Lo; e quando Ele aparecer como o “fogo do ourives” e
como o “sabão dos lavandeiros” (Malaquias 3:2); quando “o dia do Senhor” vier “ardendo
como forno” (Malaquias 4:1); quando Ele “limpar o sangue de Jerusalém”, Seu
próprio sangue e o sangue dos Apóstolos e Profetas derramados nela, “do meio
dela, com o espírito de justiça e com o espírito de ardor”; o batismo com fogo
é o mesmo que a “ira vindoura”, com a qual os ouvintes de João Batista são
ameaçados no contexto, na ocasião da qual as árvores infrutíferas “serão
cortadas e lançadas no fogo” e a “palha” será queimada com fogo que nunca se
apaga.
Aqueles
que insistem em afirmar que o “batismo com o Espírito Santo e com fogo” se
refere a um só batismo, experimentado pelos crentes, costumam apelas para Atos
2:3 como prova de sua teoria. Contudo, lemos assim nesse verso: “Apareceram
línguas como de fogo, pousando sobre cada um deles”. Note que as línguas eram
COMO de fogo e não DE fogo, ou seja, elas tinham apenas aparência de fogo. Além
do mais, não vemos este ato repetido em numa parte da Bíblia. Até mesmo no
batismo de Cornélio e de sua casa, o qual Pedro afirma ser o mesmo fenômeno
experimentado por ele e os outros apóstolos, as “línguas como de fogo estão
ausentes”. Poderíamos ainda dizer que se “línguas como de fogo” fosse
cumprimento de “batismo com fogo”, esta promessa não é para nós, visto que
ninguém, senão os 120 reunidos no cenáculo no dia de Pentecoste, experimentou
isso em toda a história cristã.
É
verdade que, como Calvino disse, é Cristo quem concede o Espírito de regeneração,
e que, como o fogo, este Espírito nos purifica retirando a nossa imundícia. O
Espírito tanto ilumina como purifica. Contudo, Mateus 3:11 não se refere a esta
obra purificadora nos crentes, mas ao juízo final preparado para os ímpios.
Portanto, concluímos com o puritano Dr. John Gill: “E como este sentido [o de
julgamento para os ímpios] melhor concorda com o contexto, creio ser ele o genuíno;
visto que João não está falando para os discípulos de Cristo, que ainda não
tinham sido chamados, e que somente no dia de Pentecostes foram batizados com o
Espírito Santo e com fogo, no outro sentido desta frase [no sentido de fogo como
a obra da graça purificadora para os crentes – ver Isaías 6:6,7; Zacarias 13:9;
Malaquias 3:3; 1 Pedro 1:7]; mas ele se dirigia aos Judeus, alguns dos quais tinham
sido batizados por ele”.
(Do Livro Línguas estranhas entre nos Crentes)
http://www.monergismo.com/textos/pentecostalismo/batismo_espiritosanto.htm
Autor: Felipe Sabino de Araújo Neto
(No próximo: Qual o tipo de línguas em 1Cor 14? – Aguarde).
REV.
JOSÉ FRANCISCO – IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL
IGREJA PRESBITERIANA DE
IPANGUAÇU-RN
VIVENDO E
CRESCENDO NO EVANGELHO
Nenhum comentário:
Postar um comentário