segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O ateu confesso, Saramago não perde o tom

Em seu novo romance, Caim, premiado autor português segue confrontando Deus

Caim, o novo romance do escritor português José Saramago, segue a trilha de outras obras suas sobre a temática religiosa – a polêmica. Novamente, o escritor, ateu confesso, dirige suas baterias contra o sagrado: “Deus não é confiável. Que diabo de Deus é esse que, para enaltecer Abel, despreza Caim?”, indaga, referindo-se aos motivos do primeiro assassinato registrado na Bíblia. Na obra, Saramago redime Caim e atribui ao Todo Poderoso a autoria intelectual do crime.

O autor já enfurecera a comunidade religiosa com O Evangelho segundo Jesus Cristo, de 1991, no qual insinua uma relação amorosa entre Jesus e Maria Madalena e classifica o galileu como uma personalidade de caráter frágil. O livro foi defenestrado até pelo então primeiro-ministro lusitano, Cavaco Silva, para quem o romancista “não representava o pensamento dos portugueses”. Furioso, Saramago deixou o país. Em 1998, acabou agraciado com o Nobel de Literatura, o primeiro prêmio conferido a um escritor de língua portuguesa.

Provocativo, o escritor disse não considerar o novo livro seu particular e definitivo ajuste de contas com Deus. “Contas com Deus não são definitivas, e sim com os homens, que o criaram”, afirma. “Deus, demônio, o bem, o mal, tudo está em nossa cabeça e não no céu ou no inferno, que também foram inventados pelo homem”, fuzila. Sobre sua recente experiência pessoal, quando, doente, esteve à beira da morte, Saramago mantém o tom. Segundo ele, os méritos por sua recuperação são de sua mulher, Pilar, da equipe médica e de seu “resistente coração”.

Fonte: http://cristianismohoje.com.br

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